quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Em 2012 vou ler mais a Bíblia


Vaidade de vaidades, diz o pregador,
vaidade de vaidades
Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem
de todo o seu trabalho que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem;
mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe,
e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul,
e faz o seu giro para o norte;
continuamente vai girando o vento,
e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar,
e contudo o mar não se enche;
ao lugar para onde os rios vão,
para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas;
o homem não o pode exprimir;
os olhos não se fartam de ver,
nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser;
e o que se fez, isso se fará;
de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo?
Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.
Já não há lembrança das coisas que precederam,
e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança,
entre os que hão de vir depois.
(Livro do Eclesiastes 1,2-11)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Quando se vê...


Quando se vê, já são seis horas
Quando se vê, já é sexta-feira
Quando se vê, terminou o ano
Quando se vê, não sabemos
onde andam nossos amigos
Quando se vê, passaram-se 50 anos
Quando se vê, é tarde demais
mas se me fosse dado um único dia
eu jogaria pelo caminho a casca dourada
e inútil das horas.
BOAS FESTAS E UM ANO NOVO COM MUITA PAZ, SAÚDE E ALEGRIA
(*) Trechos do poema de Mário Quintana

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Que belezura!!!



Beleza ajuda a ganhar eleição? Se ajudar, a França terá um presidente bonito que arde, como se dizia no interior de Minas quando eu ainda era uma menina.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Viva a diferença!





A neurologia, a fisiologia e a psicologia confirmam que homens e mulheres são efetivamente seres muito diferentes, não só nos sentidos, mas também no modo como compreendem o mundo e interagem com ele. Pesquisas comprovam que • as meninas vão, em média, bem melhor do que os garotos em leitura e redação; • os meninos vão um pouco melhor em matemática; e não há diferença significativa entre homens e mulheres no desempenho em ciências.


As mulheres expressam com maior facilidade suas emoções, identificam-se mais facilmente com o próximo e conseguem se dedicar a várias tarefas ao mesmo tempo, mas têm menos habilidades espaciais e lidam pior com números.

Os homens, por sua vez, costumam ter raciocínio mais analítico e maior facilidade para se concentrar. A princípio, faz sentido: a maior capacidade de análise lógica e de concentração dos homens estaria por trás do melhor desempenho em ciências exatas – matemática, ciência da computação e engenharias –, enquanto elas sobressaem nas humanidades – educação, história, psicologia e línguas. Elas têm maior capacidade de comunicação e não ficam muito distante dos homens em cálculos e ciências. Também pesam menos, mas têm mais gordura subcutânea.


O cérebro delas, apesar de menor, carrega mais ligações neuronais e, para algumas funções, emprega regiões diferentes, dos dois hemisférios. Tais diferenças na estrutura e no funcionamento do organismo se refletem na vulnerabilidade a certas doenças e distúrbios.

Tradicionalmente, homens têm maior tendência a desenvolver doenças cardíacas, surdez e tumores no fígado, nos pulmões e no pâncreas. As mulheres sofrem mais de depressão, osteoporose e câncer de tireóide mas está mais do que provado: no mundo todo, as mulheres vivem, em média, mais do que os homens. Os últimos dados disponíveis mostram que, em algumas idades, a diferença é assombrosa.


Em 2004, morreram quase 15 000 homens para apenas 4 800 mulheres com idade entre 20 e 24 anos. Na faixa seguinte, dos 25 aos 29 anos, foram 13 500 mortes masculinas contra apenas 5 200 femininas. No Brasil, as estatísticas seguem a mesma curva.


No desempenho em Ciências, os garotos são melhores que as meninas para explicar cientificamente um fenômeno – em especial os que envolvem física. No entanto, elas são mais eficientes na hora de identificar se a solução de determinado problema depende de conceitos científicos. Mais: na maioria dos países, garotos e garotas praticamente não apresentam diferença no desempenho em ciências – em doze nações, o desempenho delas foi até um pouco superior ao dos meninos.


Apesar de tudo isso, no mundo inteiro as mulheres são minoria nas posições mais altas das empresas e universidades. Tanto que ocupam apenas 2% dos cargos executivos das empresas norte americanas mas, em compensação, representam 75% da mão-de-obra dedicada a trabalhos beneficentes, não remunerados.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Fidel, Sartre e a lua...





“Todos os homens têm direito a tudo que pedem”, disse Fidel Castro a Sartre.


“E se eles pedem a Lua?” — quis saber Sartre.



“Se eles pedem a Lua” — respondeu Fidel — “é porque dela necessitam”.

Sartre nada respondeu. Tempos depois, comentou com amigos que Fidel tinha pensamento político único.

Para Sartre, Fidel era uma ilha. Como Cuba.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Há dias assim...



Há dias na vida que nos sentimos fracos, inúteis, despedaçados, sufocados, incapazes de fazer seja o que for. Só enxergamos o cinza e tudo nos parece triste e infeliz. A coragem desaparece, o estado de ânimo desaba e ficamos de cabeça baixa, os olhos pregados no chão. O coração bate triste, fechado, amargurado. Mesmo quando a gente se sente assim é importante lembrar que temos de erguer a cabeça: ser humildes sim, mas nos momentos de vitória. Na derrota não, na derrota temos de ser altivos. Isso é possível se a gente não deixar morrer nunca nosso sonho coletivo. Assim, nossa idéia da política sempre passará pelo outro. Pelo reconhecimento do outro, nossas identidades e diferenças. Passará, igualmente, pela certeza de que sempre vamos começar de novo, mesmo quando estamos nos sentindo fracos, inúteis e sufocados.

Arroz Doce




Para uma travessa pequena(porque a gula é um pecado!)

ponha de arroz 200 gramas num tacho bem areado,

(o arroz carolino convém ser para o resultado lhe vir bem a saber).

Juntar de água 400 ml e levar a lume brando,

mexer sempre com ciência(é virtude a paciência!).

Quando estiver a secar, mas sem deixar esturrar,

vá deitando com carinho,aquecido, bem quentinho,

de leite de vaca um litro, mas que seja bem medido.

Pouco a pouco, já o disse e não vá fazer tolice:

deita e mexe e ao secar mais um pouco acrescentar.

Quando metade do leite já deitou de sal uma pitada e açúcar acrescentou.

De açúcar vai deitar até ao peso do arroz igualar.

Já não se lembra? Veja atrás

e não seja distraída: 200gramas bem medidas.

Entretanto, sempre a mexer vai também

dissolver 3 gemas de ovos fresquinhos num pouco de leite frio.


Ao deitar do leite o fim, junte as gemas assim (mas fora do lume então)

depois volta para o fogão, mas só para levantar fervura.

Vai ver que fica uma doçura!

Para terminar,uma colher de manteiga acrescentar

e na travessa pode já deitar.

Depois, canela com jeito e que lhe faça bom proveito!



P.S. Ai Jesus, que vida a minha! Falta o limão e a baunilha,

que deve não esquecer na primeira vez que o leite for meter.

E está pronto, a não ser que a receita queira duplicar ou triplicar,

mas não convém exagerar- muita gula é pecar.

Mas se for prá partilhar, não se ilude: não é pecado é virtude!




domingo, 30 de outubro de 2011

Onde os pobres não têm vez





Pela ordem de nascimento, sou a segunda filha de uma família numerosa do interior de Minas. Éramos pobres e dávamos graças a Deus pela casa e a comida. Não tínhamos, porém, nenhum direito. Hoje, quatro décadas depois, no fundo da memória isso ainda dói. Não tínhamos condições de reagir às injustiças.

Quando minha irmã mais velha, Maria do Carmo, engravidou do primeiro filho, que seria também primeiro sobrinho e primeiro neto, todo o mundo em casa passou a rir à toa. Ficamos apaixonados por aquele filhote, tanto que começamos uma competição para ver quem iria sugerir o nome que acabaria escolhido para o batismo.

Minha irmã teve gravidez tranqüila. Na verdade, tudo correu bem até o momento do parto, realizado em um hospital particular da cidade. Ali, no momento do nascimento, a criança sofreu grave paralisia cerebral, vítima de negligência médica. Sobreviveu com seqüelas, permanentemente incapacitada e exigindo cuidados da mãe 24 horas por dia. A negligência jamais foi punida.


Nosso consolo foi ver nosso amado filhote, que chamamos de Dedé, superando dificuldades chegando a andar e falar, graças à dedicação de sua mãe e de seu pai. Minha irmã não se queixa, mas quando lembro dela cuidando do filho noite e dia penso que é muita injustiça e muita impunidade. Coisas que acontecem com quem nasceu onde os pobres não têm vez.

sábado, 22 de outubro de 2011

Tudo tem começo...



Minha bisavó tinha mania de “datar” as coisas. “Filhinha, você que estuda na cidade grande e sabe muitas coisas será que você pode me dizer quando foi que o mundo virou de cabeça para baixo?”, ela perguntava, assim que batia os olhos em mim.


Eu ria: “Sei lá, Bisa, o SEU mundo é que mudou, o meu é de um tédio sem fim e continua sempre igual”. Ela balançava a cabeça, como se estivesse desistindo de mim e retrucava, falando sério: “O mundo virou de cabeça prá baixo depois que o homem foi à lua, EU sei”...


Anos depois, li um artigo cheio de tabelas e argumentos mostrando, de forma sofisticada, o que minha querida bisa Sílvia Barreto dizia com simplicidade: a corrida pela tecnologia espacial entre a Rússia e os Estados Unidos EUA virou mesmo, de ponta a cabeça, o mundo em que vivemos.


Pensei nisso hoje e agradeci a Deus por ter tido a sorte e o privilégio de conviver, ao longo de 26 anos, com uma bisavó curiosa e esperta que me ensinou a pensar que as coisas “devem começar do começo”, como dizia Roosevelt.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Saudades de Portugal...




Quem nasce em Portugal carrega alguma melancolia no jeito de olhar. Deve ser destino de quem veio ao mundo para amar o desconhecido, que está além do nosso campo de visão. A grandeza de Portugal não está na vida, está no mar. Não é por acaso que os portugueses levaram tão a sério a história de lançar as velas ao mar. Não é por acaso, igualmente, que cantam aqueles fados tristes e medievais. Como disse Marguerite Duras, "alguma dor se confunde com a música". Para confirmar isso basta ouvir Amália Rodrigues, uma única vez, cantando "Estranha forma de vida" em Lisboa, no fim de uma tarde de outono.




quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pergunta ao infinito



Que razões poderá ter Deus para fazer o que faz, se não sou pior do que minha amiga Ruth Machado?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Brasileiro quer conforto




O povo brasileiro mudou muito nos últimos trinta anos. Se antes era modesto, e vivia de forma extremamente simples, passou a ter, hoje, instinto apurado para o conforto: e tudo o que deseja é viver bem, numa casa bem equipada, onde possa dormir numa cama forrada com lençóis de algodão branco e com a cabeça sobre travesseiros bem macios e perfumados.


Para o almoço, espera bife de carne grelhada, se possível acompanhado de vinho tinto. No armário, aprecia ter um bom abastecimento de queijos, azeite e algumas garrafas de bebidas nacionais e importadas. Se conseguir manter esse padrão de vida, o brasileiro terá, em troca, um valoroso comportamento no trabalho. Será produtivo e criativo. Aliás, acho que essas são pré-condições essenciais para garantir a produção no Brasil.

Nenhuma empresa, porém, conseguirá pôr no batente um brasileiro, se ele não puder contar com nível mínimo de conforto. Se tiver que dormir mal, se não contar com banho morno, arroz, feijão e bife no prato, o brasileiro empaca, não rende.

É isso: o que vale para o trabalhador da Europa e dos Estados Unidos já está valendo nas principais capitais brasileiras. Ainda ganhamos menos aqui, mas logo logo isso vai se ajustar porque estamos muito mais sofisticados que a geração anterior. O tempo passou e o Brasil mudou.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cão no cio? Calma, promotor!


Notícia deliciosa sobre o caso Gisele Bündchen saiu na Folha de S. Paulo, mas passou desapercebida. Fausto Rodrigues Lima, promotor de Justiça do Distrito Federal, escreveu ao jornal para dar apoio à ministra Iriny Lopes. Disse o seguinte: "Para gastar todo o dinheiro do marido e conseguir sua compreensão, a mulher brasileira precisa lhe conceder sexo. O ensinamento de uma campanha da lingerie Hope causou justa indignação a ponto de a Secretaria de Políticas para as Mulheres pedir sua suspensão. Essa e outras manifestações sexistas escamoteiam faceta pouca explorada: o homem também é discriminado. Ora, para a campanha referida, o marido ideal precisa ser o provedor; caso contrário, não pode ter uma mulher linda e disponível para o sexo. Como um cão no cio, necessita de sexo a todo momento e a todo custo. Não deve se importar com a satisfação da parceira; basta que ela finja prazer. Nós, homens do século 21, somos seres pensantes”... A história do “cão no cio...” representa grande desmoralização para o promotor, coitado. Ele não se deu conta que não existe cão no cio. O cio só existe nas fêmeas, no período da ovolução.

domingo, 2 de outubro de 2011

Medo da morte tem cura?


Sempre gostei de Gore Vidal, um dos maiores escritores dos Estados Unidos e da língua inglesa. Aprecio o estilo forte e áspero de quem não faz concessões. "Sou tão anti-social quanto é possível ser", escreveu ele certa vez, acrescentando nunca ter tido "opinião excessivamente elevada do mundo até porque o mundo não faz nada para mudar". Gostaria de ter escrito coisas assim, eu pensava ao ler seus textos. Pois é, mas mesmo apreciando tanto o estilo seco e direto, passei a viver numa realidade literária paralela, depois dos 50 anos. E estou me apegando a textos suaves, verdadeiras "churumelas".

Devo ter perdido a razão. Olha só o que eu estava postando no blog neste domingo, 2 de outubro:"O verdadeiro problema não é o de saber se viveremos depois da morte, mas o de saber se estamos vivos antes de morrer, diz o escritor Maurice Zundel. Ele considera que "o sentido de existir é nossa capacidade de ter grandeza de espírito para irradiar e testemunhar valores essenciais como respeito, amizade, amor e generosidade." Deus do Céu... Será que medo da morte deixa a gente cafona deste jeito? Será que isso tem cura?

domingo, 25 de setembro de 2011

Touradas? Não...




Cerca de 20 mil espectadores assistiram neste dominfo, 25, a última apresentação dos toureiros na Catalunha, no nordeste da Espanha, em um adeus emotivo antes de uma polêmica proibição a essa tradição secular. No dia 13 de maio de 2009, uma quarta-feira, publiquei o seguinte post aqui no blog: Touradas? Sou contra... Acho que devo republicá-lo.

"Touradas? Lamento. Não sou cliente. Os meus amigos conservadores nunca me perdoaram a traição. E dizem, inteiramente a sério, que eu me deixei levar pelos "direitos dos animais". Absurdo. Os animais não têm direitos; a capacidade de formular e articular direitos é uma prerrogativa humana e apenas humana. Mas isso não significa que, precisamente pelo fato de sermos humanos, não tenhamos alguns deveres para com os animais. O mais básico de todos é não os torturar para gáudio das massas. A tourada pode ser uma tradição; mas nem todas as tradições são úteis, muito menos benignas. Isto faz de mim uma proibicionista militante? Não faz. Proibições culturais deste tipo nunca devem vir de cima. Devem começar por baixo: pela capacidade da maioria em olhar para as touradas como os espectáculos primitivos que, na verdade, são".




sábado, 24 de setembro de 2011

A decadência do Ocidente


«A decadência do Ocidente (ou seja, da Europa e da América) tem sido anunciada muitas vezes, mas a situação agora é inquietante. O retrato de um velho mundo, que progressivamente produz menos, gasta mais e, ainda por cima, se endividou sem peso nem medida para conforto e sossego de uma população indiferente, não é reconfortante e não autoriza uma visão muito otimista do futuro. Quando se olham as coisas de longe, os problemas parecem, como de resto são, parte de uma mudança histórica radical e fica o sentimento de que nada nos poupará a uma catástrofe inevitável e merecida. Não vale a pena discutir, ou "explicar", os números...Vale a pena pensar se, além dos números, não há outros sintomas das desgraças que eles nos profetizam.



O colapso do império soviético mudou um equilíbrio de 30 anos. Verdade que esse equilíbrio assentava no condomínio quase universal da América e da URSS. De qualquer maneira, a Guerra Fria, embora com um ou outro sobressalto, e milhões de vítimas "passivas", permitiu o estabelecimento de uma certa "ordem" e uma previsibilidade, que não existia desde o fim do século XVIII. A Inglaterra desaparecera como potência hegemónica e, excepto pela aventura napoleónica, a França também. A Alemanha, do princípio agressiva, tinha ambições para que não tinha meios. Quanto à Rússia, a fraqueza interna não lhe permitia uma intervenção externa decisiva. E a América, como se constatou, persistiu, de fato, no seu isolacionismo até 1941. Restava o "concerto das nações", como se dizia, um jogo frágil, sempre em risco de acabar mal, se um dos parceiros resolvesse não respeitar as regras.


A situação de hoje, a que se chama "globalização", é uma espécie de regresso ao "concerto das nações". Na ausência de um "centro" e de uma autoridade indiscutível (como, por exemplo, a América e a URSS, cada uma na sua "esfera"), o mundo está dividido em potências de vários portes e alcance, que tentam adquirir vantagens próprias, sem forma de restrição ou responsabilidade global. A Europa, com união ou sem união, deixou de contar. A América, crescentemente mais débil, tenta dissolver com mansidão o seu antigo papel de polícia ideológico e militar de uma democracia imaginária. Longe da sua velha superioridade, e da sua velha arrogância, o Ocidente, que se refugiou em palavras, está em decadência. Politicamente, em decadência. » Vasco Pulido Valente, O Público

Seu nome é seu talismã?


Minha filha se chama Júlia e minha neta Giovana. Acho os dois nomes bem escolhidos. A tradição de nomes bonitos é recente. Antes, eles eram copiados da lista dos santos católicos ou, pior ainda, resultavam da combinação de síladas dos nomes do pai e da mãe. Ou de alguma ideia maluca. Tive um professor de matemática no ginásio que se chamava Oicilef, vale dizer Felício, nome do pai dele, ao contrário. Hoje li este texto sobre nomes e resolvi publicar aqui:


"A descoberta do nome, começa para a criança com a aprendizagem da língua escrita. Saber escrever o próprio nome, significa estreitar laços familiares e sociais. Há quem diga que o nome é como um talismã, capaz de determinar a sorte de quem o carrega. O nome pode sugerir a origem, o contexto cultural, a época e até o lugar em que a criança nasceu. Davi e Sara são pistas de uma ascendência judaica, por exemplo.

Na infância, o nome próprio assume um papel extremamente importante no crescimento. É o primeiro bilhete de identidade da criança e uma característica que a acompanhará para o resto da vida. Segundo afirma Regina Obata, autora da obra “ O livro dos nomes”, os pais devem mesmo ter atenção aos nomes que escolhem. “É um atributo involuntário imposto pelos pais aos filhos e que pode abrir e fechar portas durante a sua caminhada.”

Na cultura oriental, acredita-se que todas as pessoas possuem uma certa "função" na vida. A função é algo mais simples que uma "missão". Somente os líderes é que nascem com missões que devem realizar. A função de uma pessoa é o papel que ela vai desempenhar na vida comunitária. Quando nasce uma criança, o grande desafio dos pais é descobrir logo a "função" que esse recém nascido vai desempenhar na vida, pois a escolha do nome deve ser feito em coerência com isso.

O costume é que um monge antigo e respeitado ajude a família a descobrir a função das crianças. O monge vai até a casa do recém nascido, percorre os cômodos e diz aos pais que precisa consultar o oráculo. Dizendo isso retira-se para uma capela nas montanhas. Passam-se dias e o povo daquela aldeia está com a ansiedade crescente e todos se perguntam: "Quem é ele? (o recém nascido)". Será que ele é "Aquele que vai promover uma Boa Colheita"?, ou será "Aquele que vai reatar a amizade com a aldeia vizinha"? E assim, todos ficam especulando sobre as possíveis funções do recém nascido.

Finalmente, após alguns dias, ressurge o monge e dirige-se, a passos firmes, em direção da casa do recém nascido. O povo da aldeia larga o trabalho e todos seguem o monge, até chegar o dia em que é conhecido o nome da criança diante de todos. Esse ritual é conhecido como Cerimônia do Anúncio do Nome e é praticado em quase todos os países do leste asiático.



Na simbologia bíblica, o nome é a intimidade de cada pessoa e não deve escrevê-lo no chão, porque isso seria sinônimo de vergonha. Todas as coisas têm nome, casa, janela e jardim. Coisas não têm sobrenome, mas a gente, sim."


Comentário de Pio Barbosa Neto na coluna http://migre.me/5M9G6 de Eliane Brum

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ter mãe é ter tudo...



Um casal de Veneza recorreu à Justiça para expulsar de casa o filho de 41 anos. A mãe queixa-se de stress com as exigências diárias dele: roupa lavada e refeições caseiras. “Não podemos agüentar mais”, diz o pai, explicando que ele e a mulher sofrem com a convivência com o filho adulto e intolerante. É o segundo caso do gênero ocorrido na Itália no último mês. O filho de um outro casal acabou por sair da casa dos pais, que trocaram todas as fechaduras da porta de entrada.


Se minha mãe fosse viva e eu contasse essa história a ela a coisa tomaria um rumo meio cômico. “Não pode ser”, ela diria. “Que mãe se arriscaria a perder o filho porque não pode lhe dar um prato de comida e lavar suas roupas?”, iria perguntar. Em seguida, aproveitaria esse momento para pigarrear ou tossir. Eu diria que o rapaz fica exigindo coisas, que lá ninguém tem empregados domésticos e ela, de olhos bem espertos, diria em tom de acusação: isso não importa, mãe faz sem se queixar para ter direito de fazer chantagem, não é isso que vocês pensam?


Eu teria de dizer que não, mesmo sem acreditar. E ela ficaria rindo um pouco por me ver atrapalhada. A verdade, porém, é que a história me lembrou minha mãe pelo lado oposto. Explico: assim que os filhos cresceram, ela passou a morar numa casa com moradias menores em volta para instalar, preferencialmente, filhos e netos. Seu filho Miguel passou a morar ali. Ele e ela pareciam não poder viver longe um do outro. Aliás, enquanto teve saúde minha mãe não deixou de dizer que era feliz tendo os filhos a seu lado.


Mesmo envelhecida, seus olhos eram brilhantes. E sempre me diziam alguma coisa. Ela era simples, usava o olhar para se comunicar com os filhos. De minha parte, sempre li nos seus olhos uma frase imperativa: “sou tua mãe, aconteça o que acontecer”. Hoje, sei o tanto que essa certeza significou para minha segurança na vida. E só me arrependo de não tê-la visitado mais vezes. Para rir um pouco das famílias italianas ou para lhe dizer, com simplicidade: sou tua filha. E agradeço muito por isso...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tolerância e respeito...


Para além do egoísmo e da arrogância que carregamos e que parecem ser, infelizmente, marcas da espécie humana, acredito que a vida nos ensina que o mais importante é lutar por uma verdadeira atitude de tolerância e de respeito pela diferença.

Sei que estou longe disso e sei, igualmente, que tenho de me esforçar em todos os momentos da vida. Uma atitude de tolerância e respeito pela diferença, que ultrapasse a formulação teórica, e que não se aplique apenas aos nossos desejos e interesses, exige desprendimento e amor ao próximo.

Não é fácil; muito menos simples.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ipi, o primeiro em tupi-guarani


A imprensa escrita queixa-se de crise e perde leitores quase todos os meses. O problema é grave em todos os segmentos e não se pode subestimar os dados, uma vez que a quebra nas vendas afeta a publicidade e atinge a qualidade dos jornais e revistas de informação.

A redução do número de exemplares vendidos não significa, no entanto, desinteresse pela informação por uma razão óbvia: a procura por notícias na internet cresce de forma assustadora nos últimos anos. O acesso gratuito ao conteúdo dos jornais e revistas é uma das razões que atrai o público.

E a tendência é que mais eleitores buscem refúgio nas redes com a popularização dos tablets no Brasil. O tablet permite a quem quer que seja saber o quiser sobre o que se passa em qualquer ponto do mundo. E o país se prepara para ter produtos nacionais competitivos neste mercado.

O grupo Positivo já está com tudo pronto para vender o Ipi, o 1º tablet brasileiro. Do nome escolhido - Ipi significa "primeiro" em tupi-guarani - até os aplicativos oferecidos no aparelho, tudo no produto é de primeiríssima qualidade. Com o Ipi ao alcance do bolso, a fuga dos leitores para a internet pode se acentuar de forma completa. A menos que os veículos de informação se antecipem e façam acordo com fabricantes de tablets para vender assinaturas junto com o produto. A Veja e o Positivo fecharam um acordo desses.

Jornais e revistas do mundo inteiro seguem a trilha dos tablets. É conveniente. No Brasil, além do Positivo, cinco outras empresas estão produzindo tablets: Samsung, Motorola, Semp Toshiba, Aix e Apple. No caso da Apple, a fabrica de Jundiaí (SP) é sua 1ª unidade de produção fora da China. Com tanta produção, devemos ter o Natal do Tablet no Brasil. É que o produto brasileiro chegará até o final deste mês com 20% de componentes nacionais e preços até 40% menores.

Vamos rir do tédio?



Juro que é verdade: universidades inglesas e norte-americanas incluíram o estudo da tediologia em seus currículos. Então, sejam bem-vindos à nova disciplina de tediologia, ou melhor "boringology", como se diz no país da rainha com muito charme e estilo. O pai da tediologia é o médico norte-americano William Bean, "especialista" no crescimento das unhas dos pés.

Em 1980, esse estudioso publicou um trabalho nos "Archives of Internal Medicine" sobre 35 anos de observação do crescimento das unhas dos pés. Tudo começou quando ele, aos 32 anos de idade, desenhou uma linha na cutícula da unha esquerda do dedo grande e foi medindo, a partir daí, todas as mudanças ocorridas.

Ele verificou que a unha crescia 0,123 mm por dia, ou seja, 1,4 nanômetro por segundo. Também verificou que infecções fúngicas e envelhecimento reduziam a velocidade desse crescimento. Aos 61 anos, o crescimento caiu para 0,100 mm por dia. Seis anos depois, sofreu nova redução de 0,005 mm/dia.

Na tediologia há muitas formas de passar o tempo tais como: medir o crescimento da grama do jardim, contar o número de cocô de cachorro por metro quadrado durante sua caminhada matinal e correlacionar esse fato com as épocas do ano.


É possível também registar a frequência com que o vizinho do andar de cima vai ao banheiro durante a noite, ou número de vezes que determinado jornal fala mal de algum político por 100 caracteres e a sua evolução, à medida que se aproxima o dia das eleições. Pois é, tudo nesse mundo é possível, até praticar tediologia…

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Estado tem de mentir?



O pensador Don DeLillo, no livro "Ponto Ômega", sustenta que um dos objetivos da vida da gente é "criar realidades". Segundo ele, “a percepção humana é a saga da criação de realidades”. Diz ainda que "não há nenhuma mentira na guerra ou na preparação na guerra que não seja defensável”. Motivo: mentir seria tão "necessário" ao Estado que só por meio da criação de realidades um Estado conseguiria sobreviver como Estado”. Li e reli o capítulo.


Com sinceridade, acho exagero, sob qualquer circunstância, dizer que é necessário mentir. É, igualmente, exagero ignorar que a mentira faz parte da natureza humana. E creio que temos de entender que existem graduações nessa questão de verdades e mentiras. Exemplo: quem mente o tempo todo não tem caráter.

Isso posto, temos de convir que há mentiras aceitáveis para garantir o convívio social. Não acho aceitável, contudo, tantas mentiras no âmbito da política, da publicidade e dos negócios. O mais correto seria um esforço de todos para não mentir.

Sei que mostrar ao povo toda a verdade sobre os acontecimentos e os processos que levam às decisões não é fácil. Sei também que a maioria sequer quer saber a verdade. Pior: a grande maioria nem aguentaria saber toda a verdade dos fatos. De todo modo, continuo acreditando que uma hora muitas verdades acabam aparecendo. Está aí o WikiLeaks que não me deixa mentir...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fazer política não é fácil...


Quais são as qualidades e virtudes que um líder político deve ter? Gosto de pensar que líder político é aquele que se expõe quando todos se omitem. Isso significa que coragem é qualidade essencial. Um líder político precisa também gostar de política e ter humor em relação a ele mesmo e ao próximo.

Precisa também ser frontal e defender, de forma obsessiva, uma vida melhor para todos. Isso implica ir um pouco além da competência tecnocrática, implica ter senso de justiça, informação e disposição para estudar os problemas e propor soluções em benefício das pessoas.

No meu tempo, FHC, Lula, Sarney, Ulysses Guimarães, Pedro Simon, Itamar e José Serra são alguns dos principais líderes políticos do país. Deles, Sarney é o mais longevo. Acompanhei o governo dele e quero destacar o convívio amigável de Sarney com aliados e adversários políticos que o hostilizavam.

Na diplomacia, Sarney foi bem ativando o Mercosul, mas em economia foi mal por causa da inflação. Mesmo com má vontade, contudo, é possível constatar que ele conquistou média pela transição democrática, vale dizer a consolidação do poder civil.

Ulisses Guimarães, Pedro Simon, Tancredo, Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos, Mário Covas, José Richa, Franco Montoro e tantos outros sabiam, desde sempre, o valor incalculável da redemocratização que acabou sendo feita por Sarney.

Itamar Franco governou pouco tempo, mas criou as condições para aprovar o Plano Real e dar fim à inflação. FHC veio a seguir e garantiu avanços em todos os fundamentos da administração pública. Não se pode, porém, omitir que aprovou a reeleição em seu próprio benefício.

Se as gerações passadas tiveram Getúlio e JK, a geração atual e, possivelmente, as gerações futuras, vão ter muito o que falar de Lula da Silva, o grande líder popular da história do país.

Depois de encerrar dois mandatos com índices de popularidade tão estratosféricos que até parecem irreais, Lula elegeu Dilma Rousseff sua sucessora e as pesquisas indicam que sua popularidade tende a aumentar ainda mais. Vamos acompanhar...

domingo, 11 de setembro de 2011

Cabelos brancos da mãe e da vovó



- Mãe, estou vendo um fio de cabelo branco na sua cabeça - diz a menininha, toda preocupada...
- Este cabelo apareceu aí depois que você me desobedeceu de manhã, recusando-se a tomar seu copo de café com leite. Quando o filho desobedece acontece isso: os cabelos da cabeça da mamãe ficam brancos.
- Nossa, estou impressionada mãe, você desobedeceu demais, a cabeça da vovó está toda branca...

PS: Adoro esta historinha que me faz pensar na maternidade e no tempo que não pára. E a imagem que me ocorre é a da lindíssima boneca russa que representa o lado feminino da maternidade de forma completa: bisavó, avó, mãe, filha, neta e bisneta.

sábado, 10 de setembro de 2011

O mundo em 140 toques





Quase todas as crianças e grande número de adultos acabarão pensando e falando apenas as 140 palavras do twitter, caso se acentue, como tudo indica, o domínio da internet. Em um mundo quase sem palavras, pode ser escassa a percepção dos conceitos que forjam nosso carater e que conhecemos como "valores". É quase certo também que a maioria esmagadora dos jovens acabe deixando, de uma vez por todas, os livros de lado.

Mesmo sabendo que a fração de jovens que lê é mínima, as mudanças promovidas pela internet causam alguns receios. Como serão as discussões sobre eleições nas redes sociais? E o papel dos partidos? O Parlamento vai ao Facebook? A interação dos filiados, militantes e simpatizantes vai avançar e servir como mecanismo da chamada democracia direta? Esse mundo da internet será mesmo mais democrático, mais igualitário e mais livre por não ter peias e leis?

O mundo dos blogues com seus comentaristas anônimos dá vazão a um coro de insultos que os libertários consideram a vox populi deste início de século. A linguagem inclui, na maioria das vezes, a destruição verbal do outro, o que tem obrigado autores de blogues a fazer uma espécie de censura prévia em cima das contribuições que recebem. Confesso que a falta de coragem cívica do anonimato às vezes incomoda. O que mais incomoda, no entanto, é saber que direitos, deveres, procedimentos e regras, cada dia tem menos valor.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Política é para ficar rico?




A ideia de que a política serve para enriquecer os políticos é herança portuguesa e sempre esteve presente na cultura brasileira. Roubar no exercício da função pública parece tradição desde a República Velha, quando toda a gente roubava disciplinadamente, com método e com ordem. Não há um só registro da época que não faça menção à gatunagem.

Tudo indica que Getulio Vargas não roubou (virtude pela qual é louvado), mas deixou a vassalagem roubar a rodo. No governo JK contam que um político roubava edifícios inteiros, hábito que fez dos seus descendentes um dos clãs mais ricos do país até a eternidade. Detalhe: o clã segue na política.

O hábito de roubar edifícios inteiros, infelizmente, resiste à corrente do tempo. Vale lembrar, a propósito, a cassação do ex-senador Luiz Estevão. Ele teria mentido a seus pares, depois de receber milhões do Orçamento para construir um edifício em São Paulo. Acontece que teria embolsado o dinheiro, deixando a obra no papel.

Quando comecei no jornalismo em Brasília, há muitos anos, pude constatar que determinados políticos têm uma visão realmente societária do Estado. E agem com desenvoltura a respeito. Não me esqueci de episódio bizarro com o então senador Alexandre Costa (MA). Ele havia empregado os filhos no Senado e fui ouvi-lo para fechar a matéria que seria publicada no JB.

"Dei emprego aos meus filhos sim, e você queria o quê? Que eu empregasse os seus?", reagiu ele, muito seguro de si. Em seguida, citou a Bíblia: "Mateus, Mateus, primeiro os teus, esta frase é bíblica, está na Bíblia, entendeu mocinha?". A "mocinha" entender ou não entender dava no mesmo, uma vez que nepotismo, desvios na administração pública e distorções que geram atos de corrupção dependem do bom funcionamento das instituições.

A despeito das corretas intenções das mocinhas e dos mocinhos que ficam indignados, com toda as razões do mundo, com falta de lisura na gestão pública, os erros não são e nem serão corrigidos por atos isolados. Sempre fico brava quando ouço alguém dizendo que o brasileiro tem que fiscalizar os políticos que elege e outras besteiras do gênero. Ninguém tem essa obrigação não. O brasileiro faz muito, trabalha e paga impostos. Não é sua a obrigação de vigiar a mão grande de ninguém.

A verdade é que as instituições é que têm de funcionar até por uma razão elementar: elas é que têm esta missão constitucional. Mais: elas recebem recursos orçamentários com essa finalidade. Cabe lembrar, aliás, que o emprego de parentes na administração pública só foi golpeado com intervenção do Poder Judiciário. Então é isso: ninguém tem o direito de cobrar ou delegar a este ou aquele brasileiro a tarefa de endireitar o país no que diz respeito aos valores éticos. Esse dever é das instituições, elas é que precisam funcionar.

Também acho errado quando vejo alguém criticando as pessoas, principalmente as que não tiveram oportunidade alguma na vida, porque elas teriam escolhido este ou aquele candidato em troca de alguma vantagem material. Ora essa... Na verdade todos os eleitores, escolarizados ou não, votam em troca de alguma coisa. Não é de graça (literalmente) que pessoas de todas as camadas sociais elegem e reelegem criaturas denunciadas por corrupção em todos os estados do país.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Seja cético, mas não seja cínico



Não acredite em nada porque o crente é geralmente intransigente.


Não acredite em nada só porque está escrito em livros antigos.


Não acredite em nada porque dizem que é de origem divina.


Não acredite em nada porque um suposto sábio disse.


Não acredite em nada porque alguém acredita.


Acredite somente no que você mesmo julgar ser verdade.


Sidarta Gautama (Buda)

De tudo que sou...


Sempre A Incerteza

Ninguém avança pela vida em linha reta.
Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário.
Por vezes, saímos dos trilhos.
Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos vôo e desaparecemos como pó.
As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar.
No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver.
Alguns gastam um sem número de vidas no decurso de uma só estadia aqui em baixo.
Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutávelmente para trás, atolados no caminho.
Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável.
É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da vida que decidamos tratar.

Henry Miller