sábado, 24 de setembro de 2011

Seu nome é seu talismã?


Minha filha se chama Júlia e minha neta Giovana. Acho os dois nomes bem escolhidos. A tradição de nomes bonitos é recente. Antes, eles eram copiados da lista dos santos católicos ou, pior ainda, resultavam da combinação de síladas dos nomes do pai e da mãe. Ou de alguma ideia maluca. Tive um professor de matemática no ginásio que se chamava Oicilef, vale dizer Felício, nome do pai dele, ao contrário. Hoje li este texto sobre nomes e resolvi publicar aqui:


"A descoberta do nome, começa para a criança com a aprendizagem da língua escrita. Saber escrever o próprio nome, significa estreitar laços familiares e sociais. Há quem diga que o nome é como um talismã, capaz de determinar a sorte de quem o carrega. O nome pode sugerir a origem, o contexto cultural, a época e até o lugar em que a criança nasceu. Davi e Sara são pistas de uma ascendência judaica, por exemplo.

Na infância, o nome próprio assume um papel extremamente importante no crescimento. É o primeiro bilhete de identidade da criança e uma característica que a acompanhará para o resto da vida. Segundo afirma Regina Obata, autora da obra “ O livro dos nomes”, os pais devem mesmo ter atenção aos nomes que escolhem. “É um atributo involuntário imposto pelos pais aos filhos e que pode abrir e fechar portas durante a sua caminhada.”

Na cultura oriental, acredita-se que todas as pessoas possuem uma certa "função" na vida. A função é algo mais simples que uma "missão". Somente os líderes é que nascem com missões que devem realizar. A função de uma pessoa é o papel que ela vai desempenhar na vida comunitária. Quando nasce uma criança, o grande desafio dos pais é descobrir logo a "função" que esse recém nascido vai desempenhar na vida, pois a escolha do nome deve ser feito em coerência com isso.

O costume é que um monge antigo e respeitado ajude a família a descobrir a função das crianças. O monge vai até a casa do recém nascido, percorre os cômodos e diz aos pais que precisa consultar o oráculo. Dizendo isso retira-se para uma capela nas montanhas. Passam-se dias e o povo daquela aldeia está com a ansiedade crescente e todos se perguntam: "Quem é ele? (o recém nascido)". Será que ele é "Aquele que vai promover uma Boa Colheita"?, ou será "Aquele que vai reatar a amizade com a aldeia vizinha"? E assim, todos ficam especulando sobre as possíveis funções do recém nascido.

Finalmente, após alguns dias, ressurge o monge e dirige-se, a passos firmes, em direção da casa do recém nascido. O povo da aldeia larga o trabalho e todos seguem o monge, até chegar o dia em que é conhecido o nome da criança diante de todos. Esse ritual é conhecido como Cerimônia do Anúncio do Nome e é praticado em quase todos os países do leste asiático.



Na simbologia bíblica, o nome é a intimidade de cada pessoa e não deve escrevê-lo no chão, porque isso seria sinônimo de vergonha. Todas as coisas têm nome, casa, janela e jardim. Coisas não têm sobrenome, mas a gente, sim."


Comentário de Pio Barbosa Neto na coluna http://migre.me/5M9G6 de Eliane Brum

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