segunda-feira, 28 de maio de 2012

O silêncio é de ouro...



Sobre "falar" e "calar", uma boa sabedoria está no seguinte provérbio árabe:
"Do que não dizes, serás sempre o Senhor,do que dizes, serás eternamente escravo".

Na Bíblia também há muitas advertências no Salmos 10. Leia:

“A boca do justo é manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência”. (v. 11)
“Os sábios entesouram o conhecimento; porém a boca do insensato é uma destruição iminente”. (v. 14)
“O que encobre o ódio tem lábios falsos; e o que espalha a calúnia é um insensato”. (v. 18)
“Na multidão de palavras não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente”. (v.19)
“A língua do justo é prata escolhida; o coração dos ímpios é de pouco valor”. (v. 20)
“A boca do justo produz sabedoria; porém a língua perversa será desarraigada”. (v. 31)
“Os lábios do justo sabem o que agrada; porém a boca dos ímpios fala perversidades”. (v.32)

domingo, 27 de maio de 2012

Uma história muito engraçadinha...



Histórias da infância


- Olha, corre lá amor, nosso filho tá comendo cocô!

- Que merda!

- Que merda nada! Isso quer dizer que ele tá com curiosidade. Quer investigar, descobrir o mundo!

- Sei.

- Não faça essa cara, nosso filho é curioso, vai ver acabará sendo um intelectual!

- Pera lá, você está dizendo que ele vai continuar comendo merda pelo resto da vida?


PS: Estou só repssando...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

“O Sujeito da Esquina” e eu


Perdoem-me por não avisar ninguém sobre os meus sumiços, nem sobre os meus regressos. É melhor recomeçar com discrição. O plano de fazer o blog é escrever todo dia ao sentir que sei alguma coisa que os outros poderiam gostar de saber também. O problema é que nem sempre sei qualquer coisa. E, quando acho que sei sabe o que acontece? Em vez de escrever e pronto, boto um salto alto de todo o tamanho e fico querendo usar belas palavras para fazer bonito e aparecer.

Aquilo que eu verdadeiramente admiro em algumas pessoas nem sempre é a inteligência, a coragem ou a integridade. O que mais invejo em algumas pessoas que escrevem na internet é a rapidez. Há pessoas que postam o tempo todo, como se apertar o gatilho fosse uma coisa simples, até natural. Ás vezes chego a ter a sensação de que estou vendo o cérebro dessas pessoas em tempo real. Ou quase.

Eu não consigo ser rápida. Fico refletindo durante muito tempo porque quando me exponho ao julgamento dos outros quero atrair atenção e receber elogios. Nem que para isso tenha de esconder partes estranhas do cerébro. Então, vamos falar a verdade: perdoem-me por não avisar sobre os meus sumiços, nem sobre os meus regressos, mas perdoem-me, sobretudo, pela vaidade.

Vaidade. Vanity. Vanité . Vanità [Do latim vanitate] S.f. 1. Qualidade do que é vão, ilusório, instável ou pouco duradouro. 2. Desejo imoderado de atrair atenção ou homenagens. 3. V. vanglória. 4. Presunção, fatuidade. 5. Coisa fútil ou insignificante; frivolidade, futilidade, tolice. Novo Dicionário Aurélio.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O passado de Mandrake...



Mandrake confessa-se sobre o passado


«Meu pai passava o dia e a noite acordado, quando ia para a cama ficava lendo e eu lhe pedia que parasse de ler, apaga a luz de cabeceira e vamos dormir, eu dizia, e ele respondia que não queria dormir e quando não estava lendo ficava de olhos abertos olhando para o teto ou para a janela. Fecha os olhos, eu pedia. Não fecho, não posso fechar os olhos, se fechar os olhos eu morro. A luz da cabeceira permanecia acesa, eu acordava no meio da noite, do meu sono agitado, e lá estava ele, de olhos abertos, olhando para o teto. Um dia notei que ele estava de olhos fechados e pensei, aliviado, afinal ele dormiu, e apaguei a luz da cabeceira. Quando acordei, pela manhã, ele estava morto.»

«Monólogo» de Mandrake em Mandrake, a Bíblia e a Bengala, de Rubem Fonseca.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Depoimento do Cachoeira? Não me vou indignar!


Antes de ver o contraventor Carlos Cachoeira na tevê pensei: não me vou indignar, não me vou enervar e não vou escrever adjetivos de forma irresponsável. A indignação é um direito mas serve de pouco. Importante é que mesmo os espetáculos mais deprimentes da vida pública também são exercícios de liberdade. Vivemos em uma democracia.

As democracias, em geral, não são derrotadas, destroem-se a si próprias, então fico torcendo para que os políticos possam ser capazes de fazer coisas novas. Por exemplo: torço para que eles possam dialogar, como não o fizeram até agora, em busca de solucões adequadas para os problemas estruturais da população, caso da educação, da saúde e da segurança.

Além disso, como sou otimista, penso que a melhor solução para resgatar a creduibilidade do mundo político seria a verdade. Todos diriam a verdade para todas as pessoas. Por razão simples, até elementar: os brasileiros e as brasileiras merecem ser tratados como cidadãos livres, não apenas como contribuintes inesgotáveis ou eleitores resignados.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Segunda-feira é dia de lição...


Em toda segunda-feira, devíamos repetir a lição de Trucídides: “O mundo não começa todas as manhãs com o noticiário das oito, nem fecha todas as noites com um novo escândalo e uma nova intriga”. Por razão simples: “o mundo já existia quando nascemos e, presumivelmente, vai continuar quando nós morrermos”. É a noção de permanência e mudança que “ajuda a separar o essencial do acessório e a não confundir truques diários com as questões mais nobres da nossa vida”.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O que é o Poder?




O poder, como bem descreve Nietzsche, não é nada se não é mais poder. O poder é o domínio sobre os outros. Um rico não se torna pobre quando seus vizinhos também enriquecem, mas um poder que seja igualado por outros poderes se anula automaticamente. A riqueza desenvolve-se por acréscimo de bens, ao passo que o poder, em essência, não aumenta pela ampliação de seus meios, e sim pela supressão dos meios de ação dos outros. O ditador não se torna ditador por se arrogar novos direitos, mas por suprimir direitos dos outros.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Velhice não é batalha, é massacre, diz Roth.



“A velhice não é uma batalha, é um massacre” diz Philip Roth no romance "Todo o Mundo" publicado pela D. Quixote de Portugal. Comprei um exemplar em Lisboa, lá pelos idos de 2007 e recomendo a leitura. O texto de Roth, na verdade, devia ser leitura obrigatória. Trata-se de uma obra-prima enxuta, com pouco mais de cento e vinte páginas, que merece ser lido por todos que apreciam a prosa instruída de um narrador lúcido e brilhante.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Regra número um ...



Qual a diferença entre trabalhar na esfera privada e na esfera pública? As democracias avançadas estabelecem limites e restrições no direito privado e no direito público. No direito privado, todos nós podemos fazer tudo aquilo que a lei não nos proíbe. No direito público é diferente, nós só podemos fazer tudo aquilo que a lei determina. Adicionar imagem

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quais as sete coisas mais legais do mundo?


Hoje é dia 7 de maio. Ao abrir a internet e pensar em um post para o twitter o que me ocorreu foi lembrar que o número sete é cheio de símbolos. Sete são os pecados capitais, sete são os dias da semana, sete são as cores do arco-íris, sete são as notas musicais...O que seriam, para você, as sete coisas mais legais do mundo? Minha lista incluiria minha família, meus amigos, meus livros e discos, umas pouquíssimas viagens, algumas roupas tipo uma camisa branca, um blazer preto um colar de pérola, um brinco de pérola e coisas triviais do dia-a-dia como banho morno, sabonete Granado, lençóis branquinhos de algodão, um travesseiro baixo de pluma de ganso, além de comidinhas caseiras e café com pão quentinho e manteiga.

sábado, 5 de maio de 2012

A mulher e o lar formam a idéia da Paz...



No português, as palavras são um encadeamento de letras que representam sons. O mesmo acontece com outras línguas ocidentais, como o inglês, o francês e o alemão. Na escrita chinesa, contudo, as palavras não são encadeamentos de letras, mas, sim ideogramas, isto é, desenhos que representam idéias.

Criados na China há cerca de três mil anos antes de Cristo, os 15 mil ideogramas chineses referem-se ao sentido das palavras da língua falada, mas não se limitam a isso. Tanto que a característica fundamental do idioma chinês é que ele funciona na base da comparação e associação de idéias.

Assim, na língua escrita, o ideograma que significa sol, quando surge ao lado do ideograma que representa lua, dá origem a um novo ideograma que significa brilho – característica comum aos dois astros. Já os ideogramas que representam dificuldade e oportunidade são praticamente iguais.

Igualmente curioso é o ideograma que representa a mulher. Quando este ideograma aparece debaixo de outro que significa teto, ele significa Paz – conceito sugerido poeticamente pela idéia da presença de uma mulher dentro de um lar.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Em busca do trabalho perdido...



A crise da Europa criou um desemprego crescente e resistente fazendo surgir uma nova classe social politicamente sub-representada: o desempregado de longa duração. Leia, abaixo, um texto excelente sobre essa nova realidade:

«O 1º de Maio foi sempre usado para a celebração ideológica dos trabalhadores como um grupo homogéneo. A existência de diferentes relações laborais e capitalismos não impedia que o trabalhador fosse encarado como uma categoria, com uma relativa união e capacidade de acção colectiva. Visto desta forma, o trabalhador seria alguém que, por estar subordinado a outro, por ter a sua esfera de liberdade dependente de outro, tinha facilitada a aquisição da sua identidade política. E, no entanto, no mundo ocidental o trabalho atravessa uma das crises mais violentas da sua História. A principal ameaça não está hoje em relações de força opressivas e desequilibradas. O que está agora em causa é o processo de destruição e rarefacção do trabalho, um processo que, na realidade, começou há algum tempo com a maquinização do mundo. Um desemprego crescente e resistente criou uma nova classe social politicamente sub-representada: o desempregado de longa duração. O mundo laboral construiu várias distinções sociais, a começar pela que dividia os detentores dos meios de produção dos outros. A ascensão dos profissionais dos serviços, de todas as pragas de consultores, aliada à indústria da educação, trouxe outro importante foco de separação: entre trabalhadores especializados e não especializados – engenheiros de um lado, telefonistas do outro. Dito isto, essa distinção só era possível porque todos tinham emprego, embora alguns empregos fossem aceites como melhores. Mesmo hoje, apesar da sua notória queda, ainda subsiste um prémio de remuneração para quem acabou uma licenciatura. Sucede no entanto que é impossível pensar no trabalhador de hoje sem reconhecer a crise destas distinções. O trabalhador diplomado e doutorado que ninguém tragicamente compra, simboliza a grande revolução do nosso modo de ver o mundo do trabalho. Um licenciado que não conseguiu mais do que trabalhar num call-center arrasa com décadas de políticas nos países ricos que apostaram tudo na educação e nas oportunidades. Foi, de facto, a competição global no trabalho que colocou esses trabalhadores numa posição inédita e vulnerável. Não é verdade que a globalização dinamitou apenas as profissões fabris, os ditos operários dos têxteis e sapatos. A globalização destruiu milhões de empregos de topo, entre consultores, analistas, arquitectos, isto é, profissões que podem ser desempenhadas em qualquer lugar. Há uns anos, o economista Alan Blinder escreveu na Foreign Affairs que o mundo do trabalho deixou de assentar na antiga divisão entre educados e não educados. Agora, a divisão crítica opõe trabalhos que podem ser prestados através de ligações electrónicas e trabalhos em que isso não é possível. Por outras palavras, o mercado distingue hoje entre “serviços pessoais” e “serviços impessoais”. Um médico não precisa de se preocupar com a globalização do seu trabalho, mas outras profissões como consultores, programadores, analistas sofrem as consequências de na Índia ou nas Filipinas existirem milhares disponíveis para trabalhar mais por menos. E se acrescentarmos o efeito dos computadores, ficamos com um aterrador cenário de irrelevância humana. O feriado do trabalhador corre por isso o risco de ser um feriado histórico, idealizando um mundo laboral que deixou de existir. E é porque estas transformações do trabalho afectam tanto os de cima como os de baixo que é hoje bem mais incerto perceber como pensa politicamente a classe dos que trabalham e dos que desesperam para trabalhar.»

*Texto de Pedro Lomba, publicado hoje, 1º de maio de 2012, no jornal Público de Portugal.