terça-feira, 31 de julho de 2018

37 anos de casamento hoje, 31 de julho

"Que significa dizer que entre homem e mulher pode haver algo mais importante que o amor? Significa que é possível ver outra pessoa como cada um se vê a si mesmo: consentir nela todos os gestos e atos que nos permitimos a nós, sentirmo-nos contentes por que os faça como nós nos sentimos contentes por os fazermos, não nos sentirmos frustrados pelo que ela possa fazer com alguém como não nos sentimos nós próprios frustrados pelo que fazemos com outrem – isto quer dizer amar este nosso próximo como a nós mesmos. Mas e se você pensar que a outra pessoa poderá desaparecer? Poderemos dizer que nos amamos a nós próprios uma vez que desaparecemos? Seria necessário crer que a pessoa que amamos jamais irá desaparecer. É intolerável pensar na destruição do nosso amor, nossa própria destruição...
(Cesare Pavese, O Ofício de Viver (1952), ed. port. Relógio d’Água, trad. Alfredo Amorim, pág. 293

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Eu conheço pessoas que acreditam na política...


Convivo com pessoas que se interessam genuinamente por política, que participam, acreditam em debates, em programas. E que discutem se o lado “a” é melhor que o lado “b”. Se o lado “c” tem carisma e autoridade.

Eu conheço pessoas assim. Ouço-as, estimo-as; ocasionalmente, discuto com elas, dou-lhes a minha opinião, que elas não solicitam e tampouco aceitam. São pessoas que acreditam; empenham-se. O Brasil precisa delas.

Tenho respeito, mas estou mais próxima do silêncio, da passividade e da desilusão. As pessoas que conheço, e que gostam de política, têm um plano, uma ideia, uma certeza. Elas têm espírito público, consciência política e uma certa visão do mundo.

As dúvidas rondam minha mente. Eu quase não sei de nada. Não sei os porquês. Não tenho plano ou mesmo uma certeza. Não sei se precisamos de reformas específicas na política. As pessoas que conheço dizem que sim. Elas confiam em possíveis avanços. Não enxergam problemas insolúveis ou permanentes.

Confiam na espécie, no esforço humano e no futuro. As dúvidas dessas pessoas são limitadas ao método, a gestão. Encontram explicação para o erro, para o fracasso e o insucesso. São pessoas que acreditam em redenção pela verdade, pela fé, pelo trabalho.

Além de beber água limpa, ter uma vida sem tormentos e pensar na felicidade do próximo, gostaria de mudar. Não quero me transformar em uma pessoa descente, calada e apática. Tenho virtudes, pena que falte-me otimismo, ou talvez alguma dose de esperança. 

terça-feira, 24 de julho de 2018

E Deus criou a mulher...


Conta uma lenda que, quando Deus decidiu criar a mulher viu que havia usado quase todos os materiais sólidos no homem, tendo pouco do que dispor...

Após meditar, ELE pegou:
a forma arredondada da Lua,
as suaves curvas das ondas,
a terna aderência das bromélias,
os trêmulos movimentos das folhas,
a nuance delicada das flores,
o amoroso olhar do cervo,
a alegria do raio do sol e
as gotas dos choros das nuvens.

Misturou isso com a inconstância do vento,
a fidelidade do cão,
a vaidade do pavão,
a suavidade da pena do cisne,
a dureza do diamante,
a doçura do mel,
o ardor do fogo,
a frieza da neve e,

fez a Mulher...

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Comunicação 2018

Comunicação 2018

1) 3 máximas da comunicação: a) tudo comunica, b) se eu não comunico, alguém o fará por mim e, c) a mensagem é do receptor e não do emissor.
 -  Opinião pública é formada pela soma de três fatores: a classe política, os cidadãos e os meios de comunicação.
 -  Se você tem perfeita noção do que quer transmitir e também sabe o que o adversário quer dizer, é possível construir um consenso, caso seja necessário. Ambos os lados devem estar em sintonia para construir juntos.
 - Comunicação governamental e comunicação eleitoral são dois tipos de comunicação política completamente distintos.
 - A comunicação muda de país a país, uma campanha da Guatemala não será exitosa no Uruguai, por exemplo, dada a cultura política diferente. Para ter sucesso, é preciso entender os sistemas eleitorais, de governo e de partidos de cada país.
 - Características da opinião pública: 1) polissêmica, 2) interdisciplinária e 3) dependente do contexto histórico e cultural.
 - A primeira vez que foi cunhado o termo, foi no ano de 1750 pelo ministro de finanças do rei da França, quando disse que era preciso “prestar contas à opinião pública”.
- Todas as definições de opinião pública são válidas, visto que é um conceito mutável, equívoco e seu estudo nos aporta múltiplas definições.
 -  Quatro momentos da opinião pública: 1) Pré-moderno (quando a opinião não era pública, o povo não era um ente, não havia o conceito de nação – época de Maquiavel); 2) Moderno (criação de espaços públicos genuínos, de trocas comerciais e informações; início de pensamentos liberais; maiorias e minorias); 3) Científico (a partir do século 19, com a sociedade como objeto de análise e ente comum; até a década de 1930, prevalecia uma opinião mais qualitativa, até que as pesquisas quantitativas começaram a aparecer nesta época); 4) Midiático (a partir do final da década de 1970, com a massificação da televisão).
  - Para os jovens atuais não tem diferença entre vida real e vida virtual, para eles é tudo uma única coisa. E se queremos trabalhar com comunicação, devemos ter isso em mente e saber que essa nova geração lida com o poder de uma maneira totalmente diferente da qual estamos acostumados.
 - Os políticos atuais não vão ter sucesso com a nova geração, porque sequer sabem para que servem as redes sociais.
 - Definição de cultura política (1960): conjunto de orientações políticas de uma comunidade nacional ou subnacional; ter componentes cognitivos, afetivos e de avaliação, que incluem conhecimentos e crenças sobre a realidade política, os sentimentos políticos e os compromissos com os valores políticos.
- O conteúdo da cultura política é o resultado da socialização primária, da educação, da exposição aos meios e das experiências adultas das atuações governamentais, sociais e econômicas.
- A cultura política afeta a atuação governamental e a estrutura política condicionando-as, ainda que não determinando-as porque sua relação flui em ambas direções.
- 4 gerações: baby boomers, analógicos, filhos da segunda guerra mundial e nascidos entre 1946 e 1964; geração X, imigrantes digitais, juventude dos anos 1980 e nascidos entre 1965 e 1979; geração Y, nativo digital, millenials e nascido entre 1980 e 2000 e; geração Z, nativo digital, geração internet e nascidos a partir de 2001.
- A identidade saiu das instituições e foi para os indivíduos.
- O que acontece quando há eleições a cada dois anos? A legitimidade de origem se renova constantemente e isso altera tanto as relações de poder como a sua comunicação.
- Elementos que devem ser considerados: marco institucional, relações de poder, história recente, cultura política e mapa de meios de comunicação de massa.

-  Definição de populismo é contestada dentro da literatura política e vai depender sempre do contexto histórico e cultural de cada país.
- Qual é o tipo de democracia na América Latina? Segundo diversos estudos, é possível chegar a seguinte conclusão: 1) poder personalista; 2) descrença nos partidos políticos; 3) fãs e seguidores antes de interlocutores e cidadãos e; 4) é construída via meios de comunicação e pesquisas de opinião.
- Meios de comunicação são instituições, ou seja, transcendem as pessoas – e transmitem conteúdos simbólicos.

- Impacto da TV na política: midiatização, audiovisualização, espetacularização, personalização e marketinização.

- Conceito de cidadão supõe uma pessoa politicamente mobilizado e/ou inquieto. Diferente de um espectador, que apenas senta e observa, esperando para ver o que vai acontecer.
- Os meios de comunicação impõe a sua lógica de entretenimento na construção da realidade política.
- Mujica: reality show; Cristina: novela; Chávez: talk show. Cada presidente tem seu próprio jeito de fazer política midiática.
- Os meios de comunicação se constituem em atores, cenários e dispositivos fundamentais para a política.
- Amplificam a comunicação política, mas tiram a profundidade, argumento e densidade. Ganham estética e impacto.
- Os políticos ou amam, ou odeiam os meios de comunicação, mas acreditam neles e dão legitimidade.
- Auge e consolidação dos meios de comunicação, declive do discurso racional – o debate entre iguais e tempos maiores. Governar é um ato de estar em uma cena midiática, mais do que tomar decisões frente aos grandes problemas.
- Sistemas eleitoral, de governo e de partidos condicionam a comunicação de governo.
- A equipe de comunicação oficial faz a gestão em tempos de constantes campanhas, ainda que não seja um sistema de campanha permanente.
- Há uma sensação de interação, mas se conserva a lógica de comunicação unidirecional.
-“Extimidad”, todos os protagonistas de uma comunicação governamental que cada vez se centra mais nos homens e menos na gestão – e o que buscam com histórias é aumentar a avaliação da gestão.
 
- Cuidado para não ter uma história extremamente personalista. Governo é gestão, e também deve executar e comunicar. As pessoas querem ver GESTÃO. O destinatário da gestão e da comunicação devem ser os cidadãos.

 - Oposição não mostra gestão, mas apenas projetos concretos e tangíveis. Nunca algo megalomaníaco, para não iludir e confundir a sociedade.
- A comunicação de posicionamento para um indivíduo que está dentro de um partido manchado não adianta muito. É quase certo que vá perder.
 
- Seu pior inimigo está dentro do partido e nunca no outro, mas é dele que você vai precisar de apoio na hora da eleição, então é preciso saber medir o humor político do momento para ver até que ponto a briga com ele pode ir, sem perder o apoio posterior da população.
- Tipos de comunicação: 1) eleitoral (com dinheiro, agilidade, acidez, glamour), 2) governamental (estratégica, comunicação de feitos, crescendo nos últimos 15 anos), 3) de posicionamento (ante sala da comunicação eleitoral, para apresentação do candidato, mas é preciso que seja feita com um atributo associado ao candidato, com muita pesquisa e planejamento prévio – meses e até anos) e 4) de oposição (comunicação mais reativa ao que o governo diz, de preferência estando em um cargo legislativo ou em um subnacional menor, para poder apresentar projetos mais concretos e com maior facilidade).
 
2. Estratégias Audiovisuais em Campanhas (Elisa Lieber)

- A midiatização da política + a preferencia dos eleitores pelo visual em lugar do argumento, coloca a videopolítica no centro da atividade proselitista. Videopolítica é o domínio da imagem e das ferramentas da comunicação audiovisual.
- As imagens constituem, na verdade, representações políticas simplificas e esquematizadas.

- Quando a identificação com um partido perde importância, surge a necessidade de buscar atalhos alternativos.

- Fatores que incidem na videopolítica: conteúdo, comunicação verbal (o que e como falamos), comunicação não verbal, diferentes tipos de emissões e jornalistas e a posição no cenário (fundo, vestimenta, detalhes, etc).

-Os conteúdos: o resumo, o debate, prepara as respostas que devem ser dadas em público, chaves centrais da mensagem, como condensar o discurso?, responder o que é perguntado, preparar-se para lançar manchetes, media training específicos para conteúdos.
- Comunicação verbal: valorização do uso de frases eficazes, engenhosas, provocativas, da réplica. Frequentemente damos mais valor a um tom mais leve e anedótico.

- Frases relativamente breves para que se entenda melhor; reduzir a variedade de vocabulário para ser massivo; gesticular sem ser exagerado; enfatizar algumas palavras chave; falar devagar; dar ritmo nas respostas; trabalhar o tempo a seu favor; a importância da espontaneidade em tempos de redes.

 - Comunicação não verbal: a dificuldade de exercer um controle sobre a própria mensagem audiovisual, devido a importante papel que joga a comunicação não verbal, e que pode modificar consideravelmente a mensagem, apesar de todos os esforços feitos para balancear.
-Ter cuidado com a postura e com os movimentos das mãos; não mover-se na cadeira; ser o mais natural possível; muitas vezes os telespectadores não lembram do conteúdo de uma entrevista, mas a firmeza, o entusiasmo e ter sido amigável.

 2.1. Estratégias Audiovisuais em Campanhas (Elisa Lieber)
- O jornalista vai sempre colocar a câmera na altura dos olhos, mas nunca deixe que te filme de cima.
- Perguntas que devemos fazer antes de ir a um programa: qual é o programa que estou indo?, qual o horário de gravação e de exibição?, aonde será feita a entrevista?, será o único entrevistado?, quem é o jornalista entrevistador?, quais temas serão abordados?, existe algum evento extra?
 - Entrevistas ao vivo apenas se você tiver 100% de certeza de que está 100% preparado para responder.
 - Nos debates: preparar as regras e a forma – quando mais interrupção, mais divertido; quem começa?, limites de tempo?, interrupção?, onde ficam?, decoração (fundo, púlpito, etc)?, edição dos planos?
-Story-telling: conte a história da sua forma.
 -Quem é o herói, o candidato ou o cidadão? Sempre o cidadão, o candidato é o mentor, o que ajuda, mas nunca o protagonista.
 - Quem realiza sabe o enquadre correto, a iluminação e o som. Sempre conte com um técnico especialista, se quiser um bom resultado.
- Redes sociais são para mensagens espontâneas. Atuações ficam par a televisão.
 - Cada rede é diferente, em algumas se utilizam memes e gifs, em outras fotos, outras textos, etc. O conteúdo não pode ser homogêneo.
3. Relações entre os Poderes Públicos (Roberto Starke)
- A democracia de hoje.
-A divisão de poderes está em xeque por diversos atores.
Acreditar na independência dos três poderes é acreditar em uma utopia.
-A política vive da heterogeneidade social. A ordem política implica obrigações, proibições e coerções. A política discrimina e divide. Não existe conflito de ideias que não esconda um conflito de pessoas.
- A política não é universal e vai de mãos dadas com o conflito, mas também é consenso e ambos vão se equilibrando.
- Política é feita para políticos. São sobreviventes natos, sobrevivem todos os dias.
- Quem consegue controlar o tempo tem uma habilidade política fora do comum. Prestígio, circunstância e tempo, quando bem combinamos, resultam na possibilidade de sobreviver e adaptar-se permanente e alcançar os objetivos.
- A democracia é um regime que busca a distribuição de poder na sociedade; tenta um equilíbrio de poder; uma das conquistas deste regime é a distinção entre a sociedade civil e a sociedade política. É um princípio de legitimidade, é um ideal. É um sistema político para resolver problemas de exercício de poder.
- A democracia deve ser: 1) fundamentalmente uma democracia representativa, 2) primar pelo Estado de Direito, 3) proteger os direitos e as liberdades individuais e coletivas, 4) existe e se fomenta no pluralismo político, sempre respeitando as minorias, 5) com separação e independência entre os três poderes e 6) ser praticada com o sufrágio universal através de eleições livres e respeito às leis.
- O conceito de Estado Nação tem estado em xeque, a partir do momento que um dos seus conceitos, o território, passa a ser algo totalmente permeável (vide a imigração).
- Atualmente não são as massas que constituem um desafio para a democracia, mas sim a sua apatia.
- Promessas não cumpridas da democracia: 1) sociedade pluralista, 2) a revanche de interesses (particular X público), 3) persistência das oligarquias, não se pode derrotar o poder oligárquico, 4) a democracia política e a democracia social – a democracia não tem conseguido ocupar todos os espaços aonde é exercido o poder, 5) o poder invisível, 6) o cidadão não educado e 7) o voto por trocas (clientelismo).
- Democracia no século 21: fragmentação de poder, descrédito dos partidos políticos, ressurgimento da antipolítica, poderes econômicos tem um dimensão cada vez mais global, a política não termina de criar dimensão frente a economia, local X global e a globalização dos problemas.
- Igualdade se opõe a liberdade. Valores são contraditórios entre si, o que demonstra que não existe sistema perfeito, mas o sistema que responde as circunstâncias.
 - A democracia não é uma resposta universal, já que tem mais a ver com a cultura política de cada país.
- Sociedade civil é todo o mundo que não está vinculado a política estatal ou partidária. É a esfera em que os cidadãos se organizam de maneira autônoma e diferenciada tanto do mercado, como do Estado.
  - Ampliar a participação é ampliar o escopo de pessoas passíveis de tomarem decisões e a partir do momento em que isso acontece, perde-se consistência nas decisões tomadas.
- A partir do momento em que a decisão fica mais próxima da população, mais legítima ela é. Do contrário, há críticas.
 - A sociedade civil pode influenciar, mas não tomar as decisões. Há uma relação formal, mas pouco efetiva, junto a classe política.
- A sociedade civil hoje é um ator decisivo, visto que o Estado vem perdendo capacidade de tomar decisões e cumprir promessas. Ocorre um vazio entre poder e política.
- As redes sociais otimizam a capacidade de mobilização e desafio o controle e a vigilância do Estado. No meio disso tudo, aparecem movimentos cada vez mais complexos para a democracia.
- O poder é a capacidade de impor ou pedir as ações atuais ou futuras de outras pessoas ou grupos. O poder se expressa de quatro formas fundamentais: pela força, pelo código, pela mensagem e pela recompensa.
- A força é o instrumento mais contundente através da qual se exerce o poder. O código apela para a obrigação moral sem coerção, por imposição social ou costume. A mensagem é a capacidade de persuadir os outros a mudarem ou aumentarem sua percepção sobre os interesses de quem persuade. A recompensa usa benefícios materiais para induzir um comportamento.
-   Existem três tipos de poder: soft power (convencimento e sedução - Obama), hard power (força - Putin) e o sharp power (mistura de ambos, mas exige uma enorme manipulação da informação, de ideias, percepções políticas e processos eleitorais – Merkel e Macron).
- Sharp power, o poder agudo. O exemplo mais preciso são os meios de comunicação. “O que tem, será dado. O que tem pouco, será retirado, Castells.
-  Lógica dos meios: Somente os que tem informações estão em condições de receber mais informações. Aqueles sem informação ampliam a brecha entre o indivíduo e a realidade.
 -   Jornalismo: legitimar a informação e quem converte a informação em comunicação.
 -  Que tipo de liderança quer o povo? Conciliadores, menos confronto e mais resolução, respondendo as demandas sociais, éticos e transparentes, menos marketing e mais emoção.
 - Líderes transformadores: surge em períodos de instabilidade, as crises liberam os líderes das correntes tradicionais e o lema é “Vamos mudar a história”.
- Líderes transacionais: o líder que privilegia o status quo e que é muito efetivo em ambientes prescindíveis. A grande maioria dos líderes são assim.
- Soft power: inteligência emocional, visão e comunicação. Hard power: capacidade organizacional e a capacidade de articular coalizões políticas e sociais.
- Fenômeno do populismo: difícil de definir, sinônimo de anti establishment, reflexo do mau humor social, tende a sequestrar o aparelho estatal, se desprende dos intermediários, se respalda em simples organizações e não em partidos, assédio à sociedade civil, discurso de nós X eles é o eixo da comunicação e não responde a uma ideologia.
- A ideologia é um conjunto de ideias que explicam a realidade a partir de uma única forma.
 - A mobilização da sociedade civil pode dar total legitimidade para um líder populista.
 - O populismo chega ao poder a partir do momento em que põem-se em dúvida as regras, procedimentos e instituições, suspendem ou são alteradas as liberdades civis, desconhece a legitimidade do rival e quando encoraja a violência.
- A cidadania está indignada e perdeu a confiança dos políticos em geral. As instituições e os partidos tem uma capacidade tardia de resposta e dão a sensação de serem pouco transparentes. A revolução das comunicações tem feito que a população tenha à disposição uma grande quantidade de informação de forma imediata e, ademais, também se converteram em transmissoras de opiniões.
 -  Há 20 anos o mundo estava dividido entre “bons” e “maus”. Hoje em dia, quem são os bons e quem são os maus?

 DIPLOMADO EM COMUNICAÇÃO POLÍTICA! SEGUNDA PARTE!
 Universidade de Montevideo e Fundação Konrad Adenauer - Relatório de Antônio Mariano, presidente da Juventude Democratas - Rio de Janeiro.
 4. Comunicação de Crise (Luciano Elizalde)
- Comunicação de crise é ter uma boa equipe bem preparada tanto academicamente, como profissionalmente. Estão a todo instante treinando situações e conjunturas de crise, de modo a não perderem tempo na hora de reagir.
- Crise é algo que foge ao nosso controle, em um momento inesperado, fora de qualquer manual.
 - É um momento aberto, sem previsão de fim e sempre imprevisível e improvável. É a hora buscar consenso para baixar a incerteza causada pela abertura.
 -Início do planejamento de uma crise: definição conjunta do problema, entender as características da organização e calcular expectativas e resultados. A partir daí, recrutar uma equipe, delegar funções dentro desta equipe, representar as situações complexas e unificar critérios e linhas de discurso.
- A não unificação de critérios aporta a crise e você está sempre dentro, participando e vivendo a crise, nunca do lado de fora.
- Apesar da crise ser um momento de descontrole e do imprevisível, é importante que cada organização tenha seu próprio protocolo de gerenciamento de crise.
- Tempo da crise: 1) das redes (imediato e contínuo – necessidade de monitoramento constante e pressão mudando a cada instante), 2) da imprensa (rápida, mas não imediata – monitoramento constante, atenção permanente, necessidade de respostas prontas e estrutura temporal) e  3) justiça (bem mais lento – resultados legais).
- Crise afetou a reputação ou a imagem? São duas coisas totalmente diferentes.
- O motor e catalisador da crise é a imprensa.
-  O jornalismo sempre vai desconfiar da comunicação política e institucional, porque é seu trabalho fazer isso e buscar outras fontes e visões sobre a questão apresentada. Se nos irritamos com isso, é porque não entendemos o verdadeiro papel do jornalismo.
- O melhor respaldo é o que é tomado como fonte posteriormente. E para a comunicação de crise é preciso muito respaldo.
 - Comunicação é tudo aquilo que pode mudar decisões. É um processo de negociação de longo prazo e por isso é difícil de prever. Na comunicação tentamos condicionar as decisões que serão tomadas.
- A crise é produzida por um desequilíbrio nas relações de poder. O desequilíbrio se ativa por conta do dissenso público e/ou privado de certos jogadores e observadores.
- Crise de julgamento. Situação social em que se julga e como resultado deste processo, muda a posição relativa do poder.
 - Crise de necessidade: Como uma experiência de necessidade não satisfeita sobre um recurso controlado por um certo jogador.
- Crise de percepção. Como resultado da modificação da reputação e da imagem de certos jogadores.
 - Tempo: ter cenários para contar com mais tempo. Emoções e estresse: treinar-se para atuar “com distanciamento” temporal. Ações: controlar as soluções e opções. Poder: manter e fortalecer as relações de poder.
- ANTES: 1) sem história: diagnóstico, cenários, treinamentos e protocolos; 2) com “história”: diagnóstico, fincar pé em cenários, treinamentos e protocolos.
- DURANTE: 1) início: “enforcar-se” ou “re-enforcarse” em uma estratégica; 2) meio: gerenciar a crise cuidando de não produzir outras crises; 3) final: manter a estratégia.
5.  Media Training (Patricia Schroeder)
- Entender o sistema de meio, compreender os critérios de “noticiabilidade” e preparar a mensagem.
 - Os meios de comunicação são empresas sujeitas às leis do mercado. Competem com outros meios e devem buscar a rentabilidade, subsistir e desenvolver-se.
- Nos meios existem conflitos internos: a área administrativa se preocupa com custos e rentabilidade; a área comercial também se interesse pelos aspectos empresariais e; a edição/produção quer saber das notícias.
- Critérios de “noticiabilidade”: novidade, originalidade, imprevisibilidade, ineditismo, evolução futura dos acontecimentos, proximidade geográfica, magnitude pela quantidade de pessoas, hierarquia dos personagens.
- Elementos para um estratégia com os meios de comunicação: definir quem é o responsável final pelo tema, é necessário unificar o discursos (ter um porta voz), sustentar a verdade na transparência e com ideias força, conhecer e diferenciar os públicos, a informação interna deve fluir, é preciso desenhar um mapa de meios.
- Como se preparar para a entrevista: preparar o tema com três mensagens, pensar e ensaiar as perguntas mais difíceis, escute-se e veja-se, praticar antes, preparar perguntas obvias e previsíveis (o que houve? Quem era o responsável? O que se espera para o futuro?).
-  O jornalista é apenas um intermediário, quem realmente importa é o público que irá receber a sua mensagem.
6. Comunicação de Governo (Mario Riorda)
- Comunicação de governo (CG) é a mais a largo prazo de todos os tipos de comunicação política que existe. Transcende qualquer período.
- Comunicação de riscos é feita para mudar hábitos e pode ser trabalhada junto com a comunicação de governo. Ex: qualquer campanha de prevenção feita por um governo, é uma comunicação de risco.
- CG é criar legitimidade e isso demanda muito tempo.
 - Cada vez que aparece um fato político, necessariamente aparece um fato comunicacional.
- Não existe separação entre a comunicação e a política, quem não sabe de um, não pode fazer um bom trabalho para o outro.
- “Hiper personalização” é o conceito onde as pessoas ficam na frente das instituições. Exemplo disso é que partidos e coligações já não ganham mais campanhas eleitorais, mas sim os líderes, as pessoas.
- No governo, o controle da estratégia da comunicação é muito menor do que na comunicação eleitoral.
- As médias de avaliação dos governos na América Latina tem sido de 35% e de 60% de reprovação, salvo algumas exceções específicas.
- Ira, bronca e ódio são três sentimentos que resumem perfeitamente o sentimento da população com relação aos políticos e governos.
- A política é um grande caldeirão de elementos misturados e, por isso, não há apenas um erro que demonstre a descrença nela, mas é possível apontar dois principais: 1) a gestão das expectativas da população, os governos acham que as decisões são binárias, entre SIM ou NÃO, esquecendo que as pessoas querem muito mais do que isso e; 2) as crises e os ciclos econômicos dos últimos anos, que sempre afetam qualquer governo.
- Segundo Latino barômetro, os problemas de 20 anos atrás são exatamente os mesmos: falta de trabalho, pobreza estrutural e corrupção (esta última cada vez mais evidente).
Ter estilo de governo é importante, mas quando ele se sobrepõe a fazer a verdadeira política, o bom governo acaba.
- O conceito de múltiplas agendas é algo que veio para ficar. Por exemplo: na mesma manhã, na Argentina, foi aprovada a despenalização do aborto pela Câmara dos Deputados, houve o início da Copa do Mundo e, por fim, a corrida bancaria mais importante dos últimos anos. Ou seja, não existe mais a ideia de que um agenda vai se sobrepor a outra na mídia e – muito menos – nas redes sociais.
A média de mudança das manchetes dos principais jornais do mundo é maior do que os trending topics do Twitter.
 - A “hiper personalização” é um fenômeno internacional e que vem sendo mais presente nos governos parlamentares da Europa. Não é algo exclusivo da América Latina.
- O único país da América Latina que não rompeu com o seu sistema partidário foi o Uruguai.
 - Em análise realizada nas 63 áreas com mais de um milhão de habitantes na América Latina (exceto Cuba e Haiti), verificou-se que 35% das equipes cuidavam apenas da comunicação do governo local, enquanto 62,5% cuidavam tanto da comunicação governamental como do próprio prefeito. “Simbiose”.
-  Uma área de comunicação no mesmo nível que outras pastas (p. Ex. Secretaria de comunicação de uma Prefeitura/Governo) é bom porque gera um mesmo nível de hierarquia e de importância para o setor. Por outro lado, é péssimo porque não gera transversalidade do tema entre as demais pastas. Chamado “governo analógico”.
No “governo digital”, a área responsável pela comunicação é independente, das demais áreas, respondendo apenas ao governante. Isso garante transversalidade em todo o governo.  
 Fonte: Ex-blog Cesar Maia - julho de 2018