segunda-feira, 6 de junho de 2016

Não sou de guerra,nem em filmes

Estimada amiga Vera!

Peço desculpas, mas ver feridos de guerra, mesmo em fotos e filmes, é uma experiência dilacerante. Não gosto de vivê-la. A estetização da «guerra» para efeitos de glorificação não me agrada.

Gostei de ver que a você também não. Entendi isso ao ver que você excluiu da sua lista  “A vida é bela”. É um filme tosco que brinca com coisa séria e faz em algumas  cenas a glorificação da guerra. Não se pode  gostar daquilo, em sã consciência.

Sei que a guerra é estetizada desde sempre e continuará a sê-lo nas televisões, nos filmes, nas fotografias, nos jornais, nos poemas, na arte toda.

Afinal, trata-se de retrato da realidade, mas procuro fugir, quando posso. Aliás, o mesmo ocorre com a estetização da paz.

Procuro acreditar que todo o mundo condena a glorificação da guerra, seja pela arte, seja pela propaganda.

O que é mau não é estetizar a guerra para condená-la. O que me parece equivocado é ver gente utilizando a arte do cinema para a promover.

Picasso foi cortante em Guernica. Usou sua genialidade para condenar a guerra civil espanhola de forma definitiva. Fez isso em um azul sombrio e único. Triste, dolorosa e inesquecível Guernica!

Voltando aos filmes, o tema de hoje. Sabe aquela cena inicial do dia "D" no filme do Soldado? Terrível. Vi e achei extremamente bem feita, mas sofri o Diabo. O filme sobre a lista me fez chorar de soluçar. É um dos mais emocionantes que vi na vida.  

A propósito, andei pensando sobre o filme de guerra que seria meu número um: Apocalypse Now de Fracis Ford Coppola com Marlon Brando e a música sensacional de Pink Floyd. Uma letra rebelde que minha geração berrava nos corredores das escolas do mundo inteiro. Ecoa ainda hoje.

O filme também ecoa e, certamente, vai ecoar pela eternidade porque fala sobre o mal que a guerra faz ao coração dos que sobrevivem. Sem opção ao horror, quem sobrevive torna-se parte do horror. 

Vanda C




 


 

sábado, 4 de junho de 2016

Brasil, meu Brasil brasileiro

Uma triste vantagem e uma desvantagem imensa...

A situação no Brasil parece mais confusa e perigosa a cada minuto que passa. Mas para a generalidade dos brasileiros, seja qual for o campo político no qual se situem, sê-lo-á de um modo ainda mais intenso. De um lado terão a triste vantagem de conviver há muito tempo com a instabilidade política, a desigualdade social e uma corrupção endêmica. De outro lado terão a enorme desvantagem de sofrer na pele suas imprevisíveis e nefastas consequências.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Manter a esperança

Estou com isso entalado na garganta: estes anos não foram quaisquer. Foram anos de ruína na economia, de desgraça na política, de devastação na sociedade. Conto hoje o que me foi sempre mais difícil: assistir à inconsequência dos encarregados de fiscalizar e prevenir os crimes de corrupção e ver todos tentando transferir responsabilidades ao homem comum que nada tem com isso, que trabalha em péssimas condições e paga elevados impostos sem receber a contrapartida mínima de serviços básicos. Quem tem assessores e verbas destinadas para fiscalizar e prevenir roubos e desvios de verbas do contribuinte são os órgãos federais, municipais e estaduais criados especificamente para este fim. O que vê é que, em vez disso, estes órgãos tornaram-se estruturas a serviço da corrupção. Lastimavelmente. O que fazer? Continuar a transmitir esperança, mesmo depois de ver  isso acontecendo. Por uma razão que me parece certa: O Brasil é capaz, sempre foi capaz ao longo da história. Apesar da destruição dos sonhos dos mais novos, das falhas, da falta de austeridade, de probidade, às vezes de seriedade, da insensatez, da arrogância e das medidas tortas acho que o que nos cabe é não perder a esperança. Para não espalhar mais miséria. Mais falta de sonho. Para não perder. Perdemos muito mais quando deixamos de amar e de acreditar. O amor é a luz que não deixa escurecer a vida. Ganhamos quando vivemos, quando sonhamos, quando acreditamos, quando não perdemos a esperança.

 
 
 
 
 

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Filosofia incorreta

«Qualquer homem que não tem medo da sua mulher (coisa rara, porque os homens sempre têm medo da mulher que ama) sabe que toda mulher é sempre insatisfeita. Em parte, podemos até reconhecer que durante muito tempo, talvez, os homens não se preocupassem em fazer gozar suas mulheres. A afirmação de que muitas mulheres nunca gozaram se tornou uma máxima típica de sabedoria chinesa: independentemente de fazer ou não sentido, é sempre tomada como sabedoria muito profunda. Mas não me parece que mulheres "livres" ainda possam usar desse argumento, e, no entanto, a insatisfação continua. Não adianta, minha querida leitora, você nunca vai ficar satisfeita com o que tem. Logo nascerá em você aquele gosto azedo do vazio do que já não é mais novo.» Trecho do livro