sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Seguir em frente, sempre



Salta à vista a má qualidade do discurso político. O povo está tão desiludido como sempre esteve, mas há diferenças no comportamento dos líderes políticos. Alguns deles, que quase perderam a vida para que o Brasil voltasse a ser uma democracia, parecem insatisfeitos e inconformados com as regras do jogo.

Qual o motivo? Onde estão os partidos e a responsabilidade da representação política? Não faltam planos, propostas e projetos. Para comprovar basta consultar as milhares de páginas dos programas dos mais de 30 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Há proposta para todo gosto e todas dizem querer o melhor das pessoas e do país.

É forçoso reconhecer que há muitas ideias, algumas até boas, quando a gente se dispõe, sem preconceitos, a ler os sites dos partidos, os jornais, as revistas, os blogs e a ouvir as transmissões da TV Câmara e da TV Senado. Também não falta sonho nos discursos políticos nacionais. Há muita emoção, paixão, razão e argumentação na vida pública do país.

Considero que o Brasil tem alguns dos melhores líderes políticos do mundo. Depois de trabalhar três décadas e meia em meio a políticos o que posso dizer é que existem sim muitos sonhos na nossa política e que há muitos políticos com senso de responsabilidade, preocupação com o país e sentido público. Em todas as correntes de pensamento.

O que falta então? Acredito que falte um propósito inspirador e empolgante que motive a todos. Minha geração teve vários momentos desses. A gente se enrolava na bandeira, juro que é verdade. Na campanha pelas diretas, por exemplo, e na restauração do regime civil. Até a promulgação da Constituinte deixou a todos munidos de fé e de muitas esperanças em um país melhor e mais livre. 

Posso estar enganada, mas o que me parece é que o Brasil, até pelo fato de ser um país continental, tem certa vocação para acreditar em coisas grandes, que arrebatam e mobilizam. Não somos, ou não deveríamos ser, um país de fins intermédios, interesses particulares e promessas próximas. 

A política faz mais sentido com algum ingrediente de sonho e de grandeza. Hoje, temos vida democrática plena, mas acredito que o Brasil carece de um ideal coletivo acima da normalidade e da estabilidade. Um ideal associado a um grande desígnio.

Hoje, no Brasil e no mundo, o que nos ocupa e preocupa é emprego, conforto, segurança. Talvez tenha chegado a hora de deixar de lado o pragmatismo e as conveniências para voltar a pensar em horizontes amplos.

E se isso não acontecer? Vamos seguir em frente. Afinal, o sentido da vida está na vida, não na política. O destino não está em programas, instituições, sistemas, mas em cada um de nós, na nossa família e no nosso trabalho. É por esse motivo que o Brasil salva-se sempre.

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