sábado, 18 de abril de 2009

Se eu morresse amanhã...


Foi enterrada ontem a jornalista e assessora de imprensa Vanda Célia de Oliveira. Natural de Governador Valadares(Minas), formada em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), veio para Brasília no início da década de 80 e aqui trabalhou nas sucursais do Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, O Estado de S.Paulo, Relatório Reservado, Revista Época e Correio Braziliense.

Em assessoria de imprensa atuou no Centro Cultural Banco do Brasil, CCBB, Empresa de Correios de Telégrafos, ECT, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, Ministério da Agricultura, Associação Comercial do Estado de São Paulo, Secretaria da Micro e Pequena Empresa.  Na área política prestou serviços a líderes do PFL, PSDB, PT, PMDB, DEM e PSD. 

Se dizia com sorte por ter trabalhado com Ricardo Noblat, Eliane Cantânhede, José Casado, Miriam Leitão, Dora Kramer, João Domingos, Dad Squarisi, Luiz Alberto Bittencourt e Ismar Cardona, entre muitos outros que amou e admirou. "Minha geração aprendeu com Cláudio Abramo que jornalismo é o exercício diário do caráter", dizia. 

Esteve no batente ao longo de 45 anos, sem interrupções. Leitora compulsiva — Orgulho e Preconceito, Guerra e Paz, Antígona  e Cem anos de Solidão — eram alguns dos seus livros favoritos. Sem contar Machado e Carlos Drummond, seus escritores nacionais.

Aprendeu na vida de repórter a desconfiar de quem se leva muito a sério e de quem não tem dúvidas. Achava que não devíamos confiar em quem não gosta da política, tampouco em quem põe a política à frente de tudo. Também não gostava de direitistas sem sentido de humor e de esquerdistas que alegam superioridade moral esquecendo que para Marx a moral é relativa, uma vez que os fins justificam os meios.  
Seu maior credo? A democracia. "Sou conservadora em política e radical no resto", afirmava, desejando que todos os indivíduos tivessem direito a vidas felizes pela sua própria conta e risco. Ser conservador não significa ser reacionário, sectário e muito menos truculento ou violento, repetia.  

Ser conservador na política é lutar para limitar o poder, para impedir que alguém se julgue capaz de passar por cima do direito das pessoas e das instituições, argumentava. Estava finalizando o livro "Desilusão Coletiva",  reunindo as opiniões e impressões que gostava de publicar no Twitter e no blog O Sujeito da Esquina. 

Deixa o marido Alberto Coura, também jornalista, a filha Júlia, o genro Darlan e os netos Giovana, Victor e Arthur, além de irmãos, tios e duas dezenas de sobrinhos. Sempre soube que sua família penava com sua dedicação excessiva ao trabalho, mas achava que escolher, apostar, correr riscos e administrar realidades duras era um bom jeito de viver.
(Última atualização 31/10/2017)
 

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