quarta-feira, 1 de julho de 2015

O DRAMA

 
 
Depois de cumprir tanto tempo de vida, sabendo que, com sorte restam duas, no máximo três, décadas a vencer, nossos sentimentos manifestam-se de forma mais viva e mais intensa. Na verdade, tudo passa a ser sentimento.

Sei que para ser amado é preciso pedir desculpa sempre - e tenho o horrível hábito de pedir desculpa por tudo e por nada -, mas, hoje, vou falar de sentimentos, assunto inevitável, sem pedir desculpa nenhuma.
Tudo fica dramático e preso aos sentimentos à medida que o tempo avança. Você olha à sua volta: em vez de árvore, ou de floresta, vê a regra perfeita da natureza: os abutres estão à espera. Você respira para ganhar tempo. 

É preciso esperar a sentença. Sim, tem de seguir o ritual. É necessário que seja, de certa forma, legalizada a sua morte para que os abutres se desloquem e venham cumprir a função que a natureza lhes destina.

Sua vontade é voltar para trás, mas, segue em frente até a derrapagem final. Só são nossas de verdade as memórias que perdemos e a morte que aguarda. Esta é a luta (e o drama) em que todos nós estamos implicados. 
 
 

 

 
 

3 comentários:

  1. Da folha, o orvalho em gota cai. Curto trajeto, ponto.
    Silêncio. Silenciosa noite, silencioso açoite.
    Murmúrio. Em algum lugar um murmúrio há.
    Noite longa, fria noite, vera voz.
    Voraz noite. Fria voz, voraz.
    Tudo finda e silencia.
    Orvalho que em gota veloz voou, jaz.
    Maviosa música, onde estás a tocar?

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    1. Mandacarú, muitíssimo obrigada pelo comentário poético. Volte sempre!
      Vanda

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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