domingo, 15 de outubro de 2017

Blade runner 2049


"Blade runner 2049" é um filme longo, cansativo, contraditório, machista e muito, muito triste. Ao ditar a superioridade masculina até no mundo dos robôs, o filme assume um machismo atroz.
As cenas de sexo em que a imagem da mulher-robô (holograma) se funde com uma prostituta humana para agradar seu robô macho-alfa batem o recorde de mau gosto visual desde as pétalas em American Beauty. 
"Blade runner 2049" reproduz os piores estereótipos femininos. A propósito: a falta de personagens femininas fortes é um dos defeitos do roteiro, segundo a revista "Forbes".
A holandesa Sylvia Hoeks, do elenco de "House of cards", não tem o destaque que merece porque o filme se resume a apresentar a história de Ryan Gosling e Harrison Ford.
A "Forbes" também assinala o tempo de duração: duas horas e 75 minutos, enquanto a maioria dos filmes tem uma hora e 15 minutos.
O retrato da prostituta humana é tão contraditório que parece desmazelo. Em um momento ela aparece grampeando o herói e possibilitando sua localização pelos inimigos. No outro momento, a moça é uma revolucionária salvadora. 
Contradições é que não faltam. Logo no início do filme, o milionário do mundo dos negócios justifica a sofisticada fábrica de robôs como necessidade do mercado,  gerada pelo fim da escravidão.
Lá pelo meio do filme, no entanto, surgem cenas dramáticas da escravidão de crianças humanas. Sim, humanas, uma vez que robôs já nascem adultos e suas memórias infantis são implantadas, não aconteceram de fato.
Resumindo: mesmo com as críticas positivas e com a volta de Harrison Ford ao maior clássico de ficção dos anos 1980, o filme de Denis Villeneuve não atrai bilheterias e tampouco desperta a atenção ou o interesse do público por ser cansativo, não ter alívio de tensão, nem apelo aos jovens. 
A música altíssima não ajuda e torna o filme ainda mais triste e desolador com as imagens de imensos depósitos de lixo e todo o seu melodrama sobre a morte e a sobrevivência.
O único alento: sair do cinema com a sensação de que "ser nascido", característica que nos faz humanos, é motivo de júbilo e de felicidade. Sem contar que é bem melhor do que ser criado numa linha de montagem. 
Minha conclusão: o filme original continua insuperável.

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