sábado, 16 de agosto de 2014

EDUARDO CAMPOS




A exemplo de tantos brasileiros, acompanhei com atenção e interesse as noticias sobre o velório e o enterro de Eduardo Campos. Achei impressionante a dor sincera exposta por milhares de pessoas naquele ambiente de comoção, tristeza e inconformismo com a tragédia, sentimentos raros e quase inexistentes no mundo da política.

Acredito que Eduardo Campos representava muito do que a maioria de pernambucanos, nordestinos e brasileiros gostaria de ser. Além de jovem, bonito e inteligente, era feliz e bem sucedido. Tanto que levou para o Palácio das Princesas, onde despachou por oito anos, a alegria de viver ao lado de uma jovem e bela primeira-dama, com uma fieira de filhos lindos e fotogênicos.

Em três décadas de jornalismo, sempre ouvi falar que os políticos pernambucanos divergiam em quase tudo e apenas um ponto os unia: eram fechados, turrões, não falavam com facilidade, não sorriam e não tinham senso de humor. Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos, Roberto Freire, Roberto Magalhães e Joaquim Francisco parecem ser assim. Eduardo Campos parecia o contrário.

Com o sorriso sempre aberto, partilhou a imagem de família feliz com seu estado e com o Brasil. Além disso, defendia com clareza, como a maioria de nós, a visão de um mundo melhor e mais desejável. Não foi por acaso que o trágico acidente em Santos causou em Pernambuco uma sensação de orfandade objetiva, exposta nas cenas comoventes do velório e do enterro.

Essa mesma sensação, de alguma forma, percorreu e ainda percorre o Brasil inteiro, como nunca antes tinha acontecido. Como pode ter morrido alguém assim? Ficamos a dever a ele uma atenção maior? Estamos ainda mais sentidos com sua morte porque não fomos capazes de perceber, antes do acidente trágico, que o ex-governador de Pernambuco era um político que valia a pena?

Só o tempo poderá trazer algum consolo para aqueles que o amaram, admiraram e conviveram com ele, a começar pela sua mulher, seus filhos, sua mãe, irmãos, parentes e amigos. Para nós, que estamos à distância, ficará para sempre, cristalizada na memória, sua imagem jovial e sorridente. Nunca vamos imaginar Eduardo Campos triste, velho, doente ou infeliz.

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