segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Relações promíscuas entre poder e cinema





"Argo" é exatamente o que aconteceu na noite do Oscar: a ligação promíscua do espetáculo ao poder político. O filme, aliás, mostra com clareza que o cinema nos Estados Unidos está atrelado ao Departamento de Estado. Não foi por acaso que  a primeira dama norte-americana, falando diretamente da Casa Branca em Washington, anunciou o prêmio de melhor filme entre os nove longas-metragens indicados. Michelle Obama abriu o envelope e "Argo" foi proclamado o grande vencedor numa despudorada intromissão da propaganda governamental na festa do cinema. O filme, pelo visto, não fala do passado, mas do tempo presente. 

"Amor", do austríaco Michael Haneke, recebeu o prêmio para melhor filme de língua não-inglesa e Ang Lee foi considerado o melhor realizador de 2012, repetindo a conquista de 2005, quando ganhou com "O Segredo de Brokeback Mountain". Vi "As aventuras de Pi", é ótimo, mas eu realmente gostaria que o genial Steven Spielberg tivesse levado o prêmio de melhor diretor. Sim, "Lincoln" era o meu filme favorito. Torci e perdi em todas as suas indicações, principalmente a de melhor filme.

Em todo espetáculo me senti derrotada em muitas ocasiões. Uma das principais aconteceu quando Jennifer Lawrence bateu Emmanuelle Riva. Em "Amor", a inesquecível intérprete de "Hiroxima, Meu Amor" fez por merecer o Oscar, sobretudo pelo que o prêmio representaria no dia em que estava completando 86 anos. E, no entanto, escolheram uma garotinha que parece falar na tela como fala com os amigos, ou seja, faz o papel dela mesma e nem tem idade para saber o que significa representar.  

O melhor ator, sem surpresa, foi Daniel Day-Lewis. Dar o premio a ele era até obrigação. O rapaz é monstro na "assombrosa arte de representar", como dizia Paulo Francis. É o único intérprete a conquistar até hoje três Oscars de melhor ator. "A hora mais escura" levou o Oscar de melhor montagem de som e Quentin Tarantino ganhou, com "Django Livre", o Oscar de melhor argumento original - repetindo assim a proeza alcançada em 1994 com "Pulp Fiction".

Além disso, cabe destacar Barbra Streisand cantando "The Way We Were", uma das canções mais emocionantes desta vida. Ela estava linda e nem parece sentir o efeito do tempo. O mesmo se pode dizer de Jane Fonda. Jack Nicholson, porém, parece sentir bastante o peso dos anos. Ainda sobre aparência: a festa confirmou, mais uma vez, a beleza impressionante de duas divas: Catherine Zeta-Jones e Charlize Theron. 

Anne Hathaway é outra deusa. Tanto que levou para casa o Oscar pela interpretação cantada em "Os Miseráveis". Para mim, não canta nada, mas realmente é linda e charmosa com seus cabelos curtos e seu corpo esguio. Já Adele, vencedora do Oscar da melhor canção (em parceria com Paul Epworth) pode até estar acima do peso, mas se continar cantando como canta ninguém, a começar por ela mesma, vai se incomodar com isso. Seth MacFarlane, como apresentador, foi muito bom, sobretudo ao cantar "We Saw Your Boobs" - um dos momentos da noite.

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