domingo, 21 de janeiro de 2018

Fogo e Fúria


Terminei de ler “Fogo e Fúria: Por Dentro da Casa Branca de Trump”, do jornalista Michael Wolff — livro que relata ao mundo um perfil sombrio de Donald Trump. Não há uma só palavra que realmente o ajude.
Da vitória inesperada, à obsessão por Putin, o presidente dos Estados Unidos — narcisista e distraído demais para ser capaz de governar — não teria a menor “noção” do lugar que ocupa na história.
Além disso, seu alto escalão estaria rachado, se digladiando. No centro desta guerra, esteve o hoje ex-conselheiro Steve Bannon e a família de Trump, mais especificamente, a filha Ivanka e o cunhado Jared Kushner.
Todos disputavam força e influência sobre o presidente e certamente uma das fontes de Wolff foi Steve Bannon. Ele é citado várias vezes ao longo do texto – bem escrito e uma leitura agradável.
 
Exemplo: “No Salão Oval, na frente do pai dela, Bannon atacou abertamente [Ivanka]. ‘Você’, ele disse, apontando para ela enquanto o presidente assistia, ‘é uma mentirosa do caralho’.
O retrato de Trump é demolidor. Ele é descrito como avoado, um indivíduo com capacidade de concentração curta, incapaz de ler resumos de planos políticos, analisar problemas e tomar decisões bem embasadas.
Trump seria alguém que vê TV frequentemente e que segue frustrado e confuso com o fato de não ter obtido aprovação generalizada dos americanos.
Seus assessores aparecem cientes de seus defeitos e, segundo o livro, se perguntam por quanto tempo podem manter a ilusão de que Donald Trump é capaz de governar.
“Somos todos perdedores”, teria dito Trump ao longo da campanha. ‘Todo o nosso pessoal é terrível, ninguém sabe o que está fazendo'”.
Em conversa com doador eleitoral, ele teria sido mais específico: “Esta coisa’ – disse sobre a campanha – ‘está fodida'”.
– O choque da vitória –
“Ao longo da campanha, quando o inesperado parecia se confirmar – surgiu um Donald Trump que achava ser totalmente capacitado a ocupar a Presidência dos Estados Unidos”.
Tudo combinado com os russos?
“Os três caras mais importantes da campanha’ (Donald Trump Jr, o genro de Trump, Jared Kushner, e o chefe de campanha, Paul Manafort), tiveram reunião explosiva com um governo estrangeiro na sala de conferências, no 25º andar da Trump Tower, e sem advogados.
Diz trecho do livro: “Eles não tinham advogados. Mesmo que você pensasse que isto não era traição, antipatriótico ou uma merda ruim – o FBI deveria ter sido chamado imediatamente'”.
Trump não sabe nada da Constituição?
Sam Nunberg foi enviado para explicar a Constituição para o então candidato, mas não passou da Quarta Emenda
Trump teme ser envenenado – “Ele tem um medo antigo de ser envenenado, razão pela qual gosta de comer no McDonald’s – ninguém sabia que ele estava chegando e a comida estava seguramente pré-preparada”.
– As pretensões presidenciais de Ivanka – A primeira mulher presidente nos Estados Unidos, considera Ivanka, não seria Hillary Clinton, seria Ivanka Trump.”
– Uday e Qusay Trump – “Seus filhos, Don Jr. e Eric, são chamados pelas costas por pessoas próximas de Trump de Uday e Qusay, nomes dos filhos de Saddam Hussein”.
– Rupert Murdoch sobre Trump
“Que idiota da porra”, teria exclamado o magnata dos meios de comunicação, depois de conversar sobre imigração com Trump.
Ivanka revela o segredo do topete – Ivanka “trata o pai com certo distanciamento, inclusive com ironia, a ponto de fazer brincadeiras com os outros sobre seu penteado.
Ela explicou aos amigos: Trump tem uma parte totalmente calva no topo da cabeça – depois de uma cirurgia de redução da pele do crânio – rodeada por um círculo de cabelo dos lados e à frente; as extremidades são penteadas para se encontrarem no centro e, depois, jogadas para trás, e fixadas com spray.
A cor, ela observa com tom cômico, é de um produto chamado ‘Just for Men’. Quanto mais tempo fica aplicado, mais escuro o cabelo fica. A impaciência resultou no louro-alaranjado de Trump”.
Retórica tosca...
É isso, este é o homem que manda na Casa Branca.  O livro despreza e desmonta a retórica tosca e semi-primária de Trump, o homem que está dando aos Estados Unidos (e ao mundo) o que dele se esperava.


 

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