quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Final de 2015

Peste Emocional
Foi o ano da peste,
das colheitas perdidas.
Andei ao pé coxinho
de pedra para pedra,
a côdeas de futuro,
de janeiro a janeiro.
Ainda trago marcas
nos braços e nas testa.
Nunca a minha alma
levou tanta porrada.
Nem livros me sofriam
na fustiga do olhar.
Dormia desamor,
acordava mal estar,
corria sem café
para a forca do emprego.
Ficou-me desse giro
desses fundos da geena
a tola convicção
de que, pronto, já passou.


(José Miguel Silva, "Vista Para Um Pátio seguido de Desordem" (2003), Relógio D'Água)

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