sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Antes, tatuagem não era feita com anestésico e rebeldia doía...



Li em algum lugar que tatuagem virou expressão cultural porque todo o mundo escolhe alguma marca pessoal e imprime no corpo. Piercing também parece até sandália havaiana, todo mundo tem e quem não tem só vai esperar até o fim do verão para dependurar um alargador na orelha, ou algum metal no nariz, no umbigo ou mesmo na testa.

Confesso que esse formato moderno me espanta. No tempo que eu era jovem, tatuagem e piercing eram símbolos de rebeldia e rebeldia era coisa séria. Não era essa esculhambação. Ninguém podia imaginar que seria possível fazer tatuagem com anestésico, por exemplo. E piercing muito menos. Antes, rebeldia doía.

E comprar a calça jeans rasgada e pré-lavada então? Não passava pela cabeça de ninguém. A gente ficava horas no tanque tentando desbotar o brim. Lembro que gastei um tempão mas só consegui arruinar a calça. Agora, quando vejo um jeans “velhíssimo”, mas com cheiro de novo, o que me ocorre, sem ressentimentos, é que tudo ficou fácil para as novas gerações. Até acreditar nessa rebeldia de araque...

Não é do meu feitio falar mal das novas gerações. Ao contrário: considero a juventude insubstituível. Só não posso deixar de observar que, na história da humanidade, nunca existiram jovens tão arrumados e tão produzidos como os de hoje. Nem descabelar eles descabelam...

Até os coques no cabelo são arrumados para que pareçam levemente desarrumados. As roupas top de linha, e que costumam custar um orçamento do Pentágono, são cuidadosamente misturadas a uma peça mais pobrinha, garimpada em algum brechó, para que tudo pareça despojado e natural.

É muita encenação para quem passou dos 50. Para mim, esses "rebeldes" que andam pelas ruas com suas tatuagens e piercings anestesiados, os cabelos escovados e os corpinhos depilados são imaturos demais e ainda não podem ser chamados de jovens. Na verdade, não passam de querubins amamentados.

Um comentário:

  1. Acredito que a juventude de hoje não precisa mais sofrer as dores dos piercings e tatuagens pois eles já sentem a que, em minha opinião, é a maior dor que qualquer juventude pode ser acometida: aquela advinda da apatia e do desânimo político. As gerações mais velhas cobram, precocemente, desses jovens a responsabilidade com o futuro de forma muito mais acirrada que em outros tempos, transformando-os em velhos conservadores em busca de estabilidade.

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