Folha de S. Paulo joga a toalha e diz no
editorial que “a incerteza política contribui para queda geral da confiança e
abandono de previsões de recuperação da renda e do emprego neste ano. Mudança
nas aposentadorias não poderá, sozinha, tirar o país do atoleiro. A superação
do ciclo recessivo que durou de 2014 a 2016, a mais lenta da história,
permanece sem trilha segura. Abaixo, resumo das notícias do dia:
01 de abril de 2019
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O Globo
Manchete: Escritório em Jerusalém
frustra Israel e gera reação de palestinos - No primeiro dia de viagem ao Oriente
Médio, Jair Bolsonaro recua de transferência de embaixada.
Em sua primeira viagem oficial a
Israel, Jair Bolsonaro deixou insatisfeitos o premier do país, Benjamin
Netanyahu, e também a Autoridade Palestina, que convocou de volta seu
embaixador no Brasil para “consultas”. Apesar de não ter cumprido promessa de
campanha de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, o
presidente anunciou abertura de um escritório de representação na cidade,
disputada por palestinos e israelenses como sua capital. A mudança da
embaixada, porém, ainda não foi descartada pelo brasileiro. (PÁGINA 27)
Planalto divulga vídeo que exalta
Golpe de 1964 - No aniversário do Golpe de 1964, o Palácio do Planalto compartilhou
ontem um vídeo segundo o qual o Exército, naquela ocasião, “salvou” o Brasil. O
material foi encaminhado a jornalistas, via aplicativo de celular, por um telefone
da Secretaria de Comunicação da Presidência. (PÁGINA 6)
Na contramão do país, taxa de
assassinatos cai em 9 estados - Em nove estados, investimentos em
inteligência e integração das polícias levaram à redução da taxa de homicídios.
(PÁGINA 4)
MORTE DE MARIELLE - Delegado diz que
sua saída do caso foi ‘natural’ (PÁGINA 8)
Norueguesa ‘low cost’ deve ajudar a
reduzir tarifas - A Norwegian fez seu primeiro voo ontem, reforçando o time das aéreas de
baixo custo no Brasil — a chilena Sky opera desde novembro —, o que aumenta a
expectativa de queda nos preços de passagens. As tarifas da norueguesa são, em
média, 45% mais baratas que as de concorrentes na rota Rio-Londres. (PÁGINA 21)
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O Estado de S. Paulo
Manchete: Governo ainda não aprovou
projeto próprio na Câmara - Em meio a clima hostil, Executivo
enviou 16 propostas e medidas provisórias, que tramitam em ritmo lento.
Nenhum dos 16 projetos e medidas
provisórias enviados pelo governo Bolsonaro para o Congresso foi aprovado em
quase cem dias de gestão. Todos tramitam em ritmo lento e, dos que estão na
Câmara, apenas a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da
Previdência tem relator, nomeado duas semanas após chegar à Casa. Em meio a um
ambiente hostil ao governo, a MP que modifica a estrutura dos ministérios, por
exemplo, foi enviada à Câmara em janeiro, recebeu 539 emendas e ainda não tem
relator – o texto tem de ser votado até 3 de junho, caso contrário, estruturas como
a do Ministério da Economia, que aglutinou três pastas, terão de ser
desmontadas. Para tentar driblar a paralisia, o ministro da Justiça, Sérgio
Moro, conseguiu, após acordo com Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o pacote anticrime
tramitasse paralelamente no Senado. POLÍTICA / PÁG. A4
Saneamento só deve chegar a todo o País
após 2060 - O Brasil investe, em média, R$ 10 bilhões por ano em saneamento básico,
menos da metade do previsto para chegar a 2033 com 100% de cobertura de água e
esgoto, como prevê o Plano Nacional de Saneamento Básico. No ritmo atual,
dificilmente a universalização será atingida até 2060. Hoje, 100 milhões de
brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto. Caso da tia e da avó de Michelle
Bolsonaro, que vivem na favela Sol Nascente, no DF.
ECONOMIA / PÁG. B1
ECONOMIA / PÁG. B1
Bolsonaro vai definir dois novos
ministros para o TSE - Alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
o presidente Jair Bolsonaro vai ter de escolher dois novos ministros para a
Corte. Os mandatos de Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira se encerram,
respectivamente, em 27 de abril e 9 de maio. As escolhas têm importância porque
tramitam na Justiça Eleitoral oito processos que apuram supostas
irregularidades na campanha do então candidato do PSL ao Palácio do Planalto.POLÍTICA
/ PÁG. A7
Palestina reage a escritório em
Jerusalém - Bolsonaro confirmou, em encontro com o primeiro-ministro de Israel,
Binyamin Netanyahu, a criação de escritório de negócios em Jerusalém – a
mudança da embaixada, por ora, está descartada. A Autoridade Palestina condenou
a ação, chamada de “violação flagrante ao povo palestino”, e vai consultar
embaixador no Brasil. PÁG. A10
Planalto distribui vídeo em defesa do
golpe - O Palácio do Planalto distribuiu ontem vídeo de dois minutos, sem
autoria, em defesa do golpe militar de 1964. “O Exército nos salvou, não há
como negar”, diz o apresentador da peça. O Planalto não comentou, mas confirmou
que o material foi distribuído por seu canal oficial no WhatsApp. Ontem, houve
atos em dez capitais e no Distrito Federal contra e em defesa do golpe, que
completou 55 anos. PÁG. A6
Governo federal cancela instalação de
radares (Metrópole / Pág. A13)
CIDA DAMASCO - Balança a união do
presidente e seus apoiadores. A chave do reequilíbrio é a economia. ECONOMIA /
PÁG. B7
Notas & Informações
O descaramento dos partidos
- Anistiar as sanções aplicadas pela Justiça Eleitoral e pela Receita
Federal aos partidos políticos é nada menos do que aplicar um duplo golpe nos
cidadãos. PÁG. A3
Incompetência e descaso - O progresso científico e seus benefícios para a saúde da população esbarram na incúria do poder público. PÁG. A3
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Folha de S. Paulo
Manchete: Reforma garante privilégio
para policiais e carcereiros - Base eleitoral de Bolsonaro, servidores
terão direito a aposentadoria integral.
A reforma da Previdência recupera privilégios para grupos integrantes da base eleitoral do presidente: policiais civis e federais, além de agentes penitenciários e socioeducativos. Pelo texto, terão direito a aposentadoria integral. Esses servidores poderão se aposentar com o valor igual ao do salário recebido no último cargo, mesmo que tenham ingressado no setor público depois de dezembro de 2003. Naquela data, a aposentadoria do funcionalismo passou a ser calculada pela média dos salários recebidos.
A reforma da Previdência recupera privilégios para grupos integrantes da base eleitoral do presidente: policiais civis e federais, além de agentes penitenciários e socioeducativos. Pelo texto, terão direito a aposentadoria integral. Esses servidores poderão se aposentar com o valor igual ao do salário recebido no último cargo, mesmo que tenham ingressado no setor público depois de dezembro de 2003. Naquela data, a aposentadoria do funcionalismo passou a ser calculada pela média dos salários recebidos.
A diferença no valor pode chegar ao
dobro, segundo estimativa. Além da aposentadoria integral, os reajustes terão
paridade com os dos servidores da ativa. Para o funcionalismo público em geral,
a reforma só prevê tais benefícios aos homens que atingirem 65 anos e às
mulheres de 62 anos. Para isso, têm também de ter entrado até o fim de 2003. A
razão do benefício não é explicada pelo governo. A Secretaria da Previdência
afirmou apenas que manteve no texto o acordo feito na negociação da versão
anterior da reforma, feita no governo de Michel Temer (MDB) em 2017. (Mercado
A16)
Brasil frustra Israel e só terá um
escritório em Jerusalém - Como já era esperado, Jair Bolsonaro recuou da
mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Ele havia
prometido o gesto, que na prática reconheceria a cidade como capital israelense,
durante a campanha e também para o premiê Binyamin Netanyahu. Em seu primeiro
dia de visita a Israel, Bolsonaro anunciou apenas um escritório comercial na
cidade. “Eu gostaria de acreditar que esse é o primeiro passo para a abertura
de uma embaixada”, disse Netanyahu, que contava com o anúncio para sua campanha
eleitoral. O recuo ocorreu após a pressão de países muçulmanos importadores de
carne, que consideram Jerusalém a capital da Palestina. A possibilidade de
haver um boicote assustou o agronegócio brasileiro. (Mundo All)
ENTREVISTA DA 2a - PAULO SKAF- Nova política deve
aceitar o diálogo entre os Poderes. Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a
chamada nova política defendida por Jair Bolsonaro não pode significar ausência
de diálogo entre os Poderes. Na semana passada, Planalto e Câmara entraram em choque.
“O único regime que aceitamos é a democracia, que pressupõe política e
políticos”, diz. (A14)
Planalto divulga vídeo com elogio à
ação dos militares em 64 (Poder A6)
Manifestações contra e a favor do
golpe têm confrontos (Poder A6)
55 anos do golpe - Fernando Haddad - É preciso chamar horror pelo nome
(Opinião A3)
Castello Branco - Exército atendeu a
apelo do povo - Para falar de 64, é preciso contextualização histórica. As
novas gerações devem entender que havia uma guerra (Opinião A3)
Análise - Igor Gielow - Para agradar aliados,
presidente cria uma verdadeira jabuticaba diplomática (Mundo A12)
Contra abuso, farda da PM de São
Paulo terá câmera - A PM paulista iniciou a implantação de um sistema de câmeras que serão
acopladas ao ombro do uniforme dos policiais. O projeto inicial de R$ 5 milhões
visa coibir abusos por parte de agentes e aumentar a qualidade das provas
usadas em processos judiciais. (Cotidiano B1)
Editoriais
Talvez em 2020 - Sobre expectativas
para a retomada da economia (A2).
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Editorial da Folha na íntegra:
Talvez em 2020
Incerteza política contribui para queda
geral da confiança e abandono de previsões de recuperação mais robusta da renda
e do emprego neste ano
Com o desempenho aquém do esperado da
economia nos últimos meses, as expectativas de uma retomada robusta do crescimento
começam a ser adiadas para o segundo semestre, ou mesmo para 2020.
Passado o primeiro trimestre, os
cenários mais otimistas não se confirmaram. Houve recuo na confiança de quase
todos os setores. Os dados coletados pela Fundação Getúlio Vargas referentes a
indústria, comércio, construção e serviços mostram reversão de quase toda a
alta observada no final de 2018, após a eleição.
Embora muitas empresas sinalizem
disposição de investir, poucas tomarão riscos antes da votação da reforma da
Previdência, tida como fundamental não apenas para o equilíbrio orçamentário
mas sobretudo, de imediato, para indicar a capacidade do governo Jair Bolsonaro
(PSL) de prosseguir na agenda de mudanças necessárias para alavancar a
produtividade.
Por ora, a percepção de inoperância
política do governo cobra seu preço, e planos de expansão vão sendo adiados.
Até existem setores em que se nota um
maior interesse de investidores, como a infraestrutura. Mostraram-se
promissores, nesse sentido, os leilões de aeroportos, terminais portuários e,
agora, de um trecho que completará o traçado da Ferrovia Norte-Sul.
Espera-se, da mesma forma, sucesso na
cessão onerosa do pré-sal, que pode atrair uma avalanche de recursos. Mas, como
é natural nesses casos, os programas têm maturação de longo prazo e os
resultados devem ser graduais, com impacto medido em anos, não meses.
Enquanto isso, não há boas notícias no
mercado de trabalho. O número de desocupados, após breve redução no ano
passado, voltou a superar 13 milhões. Os indicadores mais amplos de subemprego
são ainda piores — nada menos que 27,9 milhões de pessoas se encontram em
situação considerada de desalento ou precariedade.
Com a inflação abaixo das metas do
Banco Central, o quadro seria propício para que os juros, hoje em 6,5% ao ano,
caíssem ainda mais e o quanto antes — os obstáculos para tal estão justamente
nas incertezas políticas.
A verdade é que nem mesmo a
imprescindível mudança nas aposentadorias poderá, sozinha, tirar o país do
atoleiro. A superação do ciclo recessivo que durou de 2014 a 2016, a mais lenta
da história, permanece sem uma trilha segura.
O esgotamento das finanças do governo
impede a mobilização de recursos públicos para investimentos. O setor privado
terá de se reinventar em um mundo que passa por acelerada transformação.
Boa parte dos empregos destruídos nos
últimos anos dificilmente voltará. Outros precisarão surgir.
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