segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O fio inquebrável...



Li, há quase dez anos, uma entrevista do Umberto Eco sobre a necessidade de estimular os estudos e a busca do conhecimento entre os jovens. Guardei a bela mensagem que está transcrita abaixo:

"Temos muitas vezes que explicar aos jovens por que é que o estudo é útil. É inútil dizer-lhes que é pelo próprio conhecimento, se eles não se importam com o conhecimento. Também não serve de nada dizer às crianças que uma pessoa instruída tem mais possibilidades na vida do que um ignorante, porque eles podem sempre apontar algum gênio que, do ponto de vista deles, leva uma vida miserável. E assim a única resposta é que o exercício do conhecimento cria relações, continuidade e ligações emocionais. Ele apresenta-nos a pais para além dos biológicos. Permite-nos viver mais, porque não nos lembramos apenas da nossa própria vida mas também da de outros. Cria um fio inquebrável que vem desde a nossa adolescência (e às vezes da infância) até à atualidade. E tudo isto é muito belo".Umberto Eco

2 comentários:

  1. Mas aqueles jovens que escutam, percebem que o conhecimento é ainda mais do que aquilo que os adultos haviam contado! Permite a capacidade de empatia e alteridade...Mais que "lembrar da vida do outro", nos encontrarmos no outro... E esse pode existir em qualquer tempo ou espaço histórico! Só peço aos adultos que não desistam de tentar incutir isso nos jovens, por mais relutantes que eles sejam, pois a capacidade de aprender é, como entendi na mensagem de Vanda, um poder singular.

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  2. Muito obrigada por ler e deixar um comentário no blog, Lady. A propósito, vou transcrever um texto sensacional de Vargas Llosa sobre o prazer e a importância da leitura na nossa vida: "Seríamos piores do que somos sem os bons livros que lemos, mais conformistas, menos inquietos e insubmissos e o espírito crítico, motor do progresso, nem sequer existiria. Tal como escrever, ler equivale a protestar contra as insuficiências da vida. Quem procura na ficção aquilo que não possui, afirma, sem necessidade de o afirmar ou sequer de o saber, que a vida tal como é não chega para preencher a nossa sede de absoluto, fundamento da condição humana que deveria ser melhor do que aquilo que é. Inventamos as ficções para podermos viver de alguma forma as muitas vidas que gostaríamos de ter tido quando apenas dispomos de uma (...). A literatura cria uma fraternidade na diversidade humana e elimina as fronteiras que a ignorância, as ideologias, as religiões, os idiomas e a estupidez criam entre homens e mulheres (...). A literatura é uma representação falaciosa da vida que, todavia, nos ajuda a entendê-la melhor, a orientarmo-nos através do labirinto em que nascemos, percorremos e no qual morremos. Ela redime-nos dos reveses e das frustrações que nos inflige a verdadeira vida e, graças a ela, conseguimos decifrar, pelo menos parcialmente, o hieróglifo que costuma ser a existência para a maioria dos seres humanos, principalmente para aqueles de nós que alimentamos mais dúvidas do que certezas e que confessamos a nossa perplexidade perante temas como a transcendência, o destino individual e colectivo, a alma, o sentido ou o sem sentido da história, o que está aquém ou para além do conhecimento racional".



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    7.12.10

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