Mais dia menos dia, uma mãe brasileira se vê na contingência de explicar ao filho que ele não deve, em hipótese alguma, contar à professora que viu o coleguinha de classe colando. No meu caso, lembro que fiz minha filha Júlia prometer que nunca faria uma coisa dessas. Se colar é errado por que fiz isso? Porque nossa cultura pune muito mais quem conta, quem “entrega”, do que quem cola.
Nasci no Brasil, essa é minha circunstância. Diferente da realidade do Canadá, por exemplo. Há alguns anos, durante temporada em um SPA no Rio, conheci Jenna Porta, promotora de Justiça e professora de ética no Canadá. Casada com um embaixador português e fluente na nossa língua, ela tinha informações sobre a história do país e curiosidade sobre a influência do discurso em defesa da ética nas eleições do Brasil. Conversamos bastante sobre isso.
O rigor das opiniões sobre ética e cidadania daquela especialista canadense me impressionou. Além de considerar até a "cola” um ato de corrupção, ela desfiou outras exigências: 1) o favorecimento dos conhecidos e o desprezo pelos anônimos nas mesmas circunstâncias dos conhecidos é corrupção, disse. 2) O não-cumprimento de prazos e a não satisfação de pretensões legítimas por causa da exibição gratuita de poder é corrupção, acrescentou. E 3) andar com os amigos ao colo do favor é corrupção, completou.
Para a canadense, a debilidade de caráter de parte dos políticos, de parte dos empresários e de parcela significativa das pessoas, em todos os países do mundo, é que alimenta e realimenta a corrupção. O que acontece, disse, é que a maioria das pessoas, mesmo sendo honesta, acaba silenciando. No silêncio generalizado, a desonestidade prospera.
Sempre que releio as diretrizes daquela canadense, que anotei cuidadosamente, sinto uma ponta de tristeza ao pensar no que ensinei à minha filha. Sei que cumpri minha obrigação de protegê-la, mas fico meio sem graça por não ter enfrentado a situação de um jeito mais corajoso e inovador. Pois é, a verdade é eu queria ter mais coragem do que tenho.
Nasci no Brasil, essa é minha circunstância. Diferente da realidade do Canadá, por exemplo. Há alguns anos, durante temporada em um SPA no Rio, conheci Jenna Porta, promotora de Justiça e professora de ética no Canadá. Casada com um embaixador português e fluente na nossa língua, ela tinha informações sobre a história do país e curiosidade sobre a influência do discurso em defesa da ética nas eleições do Brasil. Conversamos bastante sobre isso.
O rigor das opiniões sobre ética e cidadania daquela especialista canadense me impressionou. Além de considerar até a "cola” um ato de corrupção, ela desfiou outras exigências: 1) o favorecimento dos conhecidos e o desprezo pelos anônimos nas mesmas circunstâncias dos conhecidos é corrupção, disse. 2) O não-cumprimento de prazos e a não satisfação de pretensões legítimas por causa da exibição gratuita de poder é corrupção, acrescentou. E 3) andar com os amigos ao colo do favor é corrupção, completou.
Para a canadense, a debilidade de caráter de parte dos políticos, de parte dos empresários e de parcela significativa das pessoas, em todos os países do mundo, é que alimenta e realimenta a corrupção. O que acontece, disse, é que a maioria das pessoas, mesmo sendo honesta, acaba silenciando. No silêncio generalizado, a desonestidade prospera.
Sempre que releio as diretrizes daquela canadense, que anotei cuidadosamente, sinto uma ponta de tristeza ao pensar no que ensinei à minha filha. Sei que cumpri minha obrigação de protegê-la, mas fico meio sem graça por não ter enfrentado a situação de um jeito mais corajoso e inovador. Pois é, a verdade é eu queria ter mais coragem do que tenho.
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