Nunca consegui negar o voto, a representação política e a democracia. Nem quando o noticiário mostra, como faz há pelo menos uma década, que as sedes dos poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) não são, definitivamente, lugares onde podemos encontrar virtudes.
Esta decadência dos representantes políticos está pesando. As pesquisas indicam que a imensa maioria do país não se identifica com nenhum programa partidário ou líder partidário e quer distância da vida política.
Só 25% da população diz ter link com partidos ou líderes políticos. E menos de 5% deste total admite andar por aí em comícios ou atividades partidárias. Se excluirmos estes 25% de cidadãos, temos então 75% no grupo dos desinteressados, que vêem a política como uma chatice sem fim.
Neste sentido, e acho que apenas neste, sou diferente da maioria. Claro que já fui muito mais convicta, semelhante mesmo a uma simpatizante, ou seja já fiz parte do grupo mais minoritário. Ou, para dizer mais bonito, eu tive a fé deles e a doença deles.
Mas o que eu gostaria de dizer à multidão que apenas suporta com certa indulgência a política, e que defende o fim da obrigatoriedade do voto, é que discordo do verbo abster. Fico pensando que aqueles que se preparam para abster consideram o voto insignificante. Será que podemos deixar de votar como deixamos de ir à praia? Penso que não.
Acho também que a gente de optar por um político ou um partido. O voto branco, nulo e a abstenção são ignorados pelo sistema político. E, mesmo sabendo que o voto será sempre uma escolha relativa, a gente tem de considerar que ele é, sem dúvida alguma, um instrumento com dimensão histórica.
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