quarta-feira, 17 de junho de 2009

AS CRIANÇAS E O DIREITO DOS OUTROS


O Estado deve obrigar, por força de lei, qualquer restaurante, ou qualquer hotel, a admitir crianças? Tem gente que alega até o princípio da igualdade de direitos, constitucionalmente consagrado, para tentar forçar uma medida desta natureza. Argumentam que trata-se de direito da criança, além de questão de justiça. Lamento dizer, mas discordo.

Na minha opinião, o princípio da igualdade aqui pode limitar a liberdade do próximo. A idéia de que há restaurantes que oferecem sossego aos clientes e de que há pessoas que desejam sossego é válida e tem de ser respeitada. Se a pessoa não se importa com barulho, vai a um restaurante tipo familiar, sem se incomodar com eventuais choros infantis.

Nem todos porém são assim e quem não é assim tem de ter direito de viver como quer. O Estado não tem de se intrometer aí. Do contrário, pequenos grupos de pressão acabarão obrigando o Estado a construir, com o dinheiro de todos nós, uma sociedade intolerável e extremamente vigiada. Isto nos levaria de volta ao jacobinismo ou ao comunismo clássico.

Creio que não devemos, à esta altura da vida, aceitar a velha ambição de criar um homem racional e perfeito pela força política. Os "marxistas" de ontem que me desculpem, mas assim não vamos. A tolerância tem de ser maior que a intolerância e, no mundo civilizado, as regras devem ser livremente construídas com a participação de minorias e maiorias.

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