Qual a origem do Mal? Nem a Ciência sabe. Durante décadas os médicos tentaram localizar a região do cérebro onde o Mal poderia ser localizado para extirpá-lo a golpes de bisturi. Não deu certo. Cientistas sociais tentaram reduzi-lo a «causas socais». Fracassaram.
Dezenas
de filósofos e centenas de doutores buscaram associar o Mal a frustrações e loterias
genéticas, mas ninguém chegou a conclusões objetivas. Freud
jogou luz nos corações, mentes e inconscientes, mas não conseguiu descortinar
toda a escuridão e explicar o Mal.
A
verdade é que o Mal parece ser parte integrante da natureza humana.
Felizmente, a maioria de nós consegue viver a existência inteira sem
ultrapassar a gravidade de pequenas transgressões, delitos menores e males
reparáveis.
Sim,
podemos nos orgulhar. Mais de 80% da humanidade não pisa na linha. Em
proporção menor, segundo estatísticas carcerárias, sempre houve
aquilo a que Joseph Conrad, em O Coração das Trevas, chama de «o horror».
Trata-se
do Mal que, dependendo apenas das circunstâncias, faz a civilização
se confundir com a barbárie e vice versa. O Mal que leva a civilização,
depositária de valores humanitários e sinônimo por vezes de superioridade
moral, a não dar a mínima para a dor das pessoas em função de seus luxos, desperdícios
e frivolidades.
Conrad
desmistifica a civilização e os ricos cheios de cobiça. O escritor
condena aqueles que escravizam e consideram isso normal. Seria normal, também,
o escravo se ver como escravo, como objeto. Será mesmo? Conrad não concorda.
Ele, que viveu durante o apogeu do
Império Britânico, se sentiu “dominado pelo horror” ao testemunhar a flagelação
causada pelo imperialismo. O coração das
trevas não é pura ficção – resulta antes de tudo de uma experiência pessoal
do autor.
Muitos homens daquela época não
achavam a escravidão normal, embora comum, e Conrad era um desses nobres
cavalheiros. Conrad
não aceita a banalização do mal sob nenhum pretexto. Segundo ele, o horror é o
lado obscuro da alma humana, irredutível a qualquer análise sociológica ou
psicológica.
É
isso: moralmente, somos imperfeitos, e por vezes horríveis,
conforme define Conrad e atestam as páginas policiais. Ao mesmo tempo
que podemos realizar atos de grandeza podemos cometer atos torpes e
abomináveis. Especialistas discutem o Mal que existe entre nós sob o ponto
de vista jurídico, médico, educativo.
O
ponto consensual é que temos de conviver sempre com o Mal. Aliás,
a internet confirma os piores diagnósticos sobre este
assunto. E a Ciência comportamental comprova: temos de
procurar, por meios racionais ou espirituais, o equilíbrio consciente -
sempre buscando o lado luminoso da nossa existência, ou, ao menos,
nossa face mais mansa e inofensiva.
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