Querido Senador Cristovam!
O Brasil vive um momento penoso. Acabei de ver na
internet um vídeo mostrando duas ou três pessoas tentando lhe constranger numa
livraria, alegando discordar de um voto que o Senhor sequer proferiu. Um grupo
de clientes da livraria lhe prestou solidariedade e, de pronto, reagiu aos
agressores. Acredito que por detrás dessa raiva está o medo. Medo da
democracia e do jogo claro que ela impõe neste momento histórico: tudo indica que o poder terá de ser repartido entre todas as correntes de pensamento, terá de ser democrático.
Além de errada, a ilusão de um só grupo político dominar um país costuma
ser arrogante e autoritária, antes de se tornar progressivamente criminosa.
Para enfrentar este e outros retrocessos, precisamos de informação e
discernimento. E as pessoas que carregam o estandarte do debate, do confronto e
da clareza, como o Senhor, são essenciais, uma vez que atuam na política
levando em conta a opinião pública, a imprensa, o Parlamento, as leis e as
regras da decência e da honestidade.
Fico pensando que a política no Brasil passou a
funcionar como se fosse parte do mundo da bola, onde o espírito crítico e a
imparcialidade foram proscritos. Tenho dificuldades de aceitar que se faça do
fanatismo uma virtude, ou do tribalismo motivo de orgulho. Sei que podem
existir áreas da vida em que somos irracionais, mas a política não pode pertencer ao campo da irracionalidade. Aqui devem valer os fatos e a avaliação do bem geral.
O que se vê, no entanto, são pessoas discutindo a
política para dar relevo apenas ao que acreditam. Atacam quando o adversário
está em causa, mas, quando se trata do aliado passam a relativizar as circunstâncias.
Não dê ouvidos, Senador. Continue sua luta em favor dos mais fracos, contra a
transferência da carga fiscal dos mais ricos para a classe média, contra a
destruição do que resta do serviço público de saúde e em defesa, sobretudo, da
política de igualdade com base na educação.
O Senhor está certo ao afirmar que a democracia impõe o respeito por alguns princípios; quando estes são
infringidos, a imprensa, o Parlamento e as instituições de Justiça são meios
para denunciar e até afastar os governos faltosos. Essa é a superioridade das
democracias. Por isso é tão importante sua luta. Gritos e insultos não podem
ameaçar e intimidar as antenas sociais e humanas de um país. E o Senhor sempre
será uma das nossas antenas mais sensíveis e mais brilhantes.
Um respeitoso abraço,
Vanda C de Oliveira
Um absurdo o constrangimento as pessoas que participam do debate político nacional. Se a radicalização já é condenável entre supostos torcedores de futebol, que na verdade não são dignos desta classificação, o que dirá dos agentes políticos, que se debruçam sobre os problemas brasileiros e em busca de propostas e soluções para o nosso país.
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