Não
há, no mundo, coisa mais preciosa que um amigo. Tenho amigos de várias
correntes políticas e me orgulho de todos, sem cobrar que pensem como eu e sem
questionar seus atos e decisões. Agora mesmo, creio que seria mais confortável
ficar silenciosa a respeito dos meus amigos Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann.
Meu caráter, porém, me impede de calar por conveniência.
Discordo
de Gleisi e de Paulo em muitos pontos de vista e temos visões políticas
diferentes, mas somos amigos há mais de duas décadas. Por essa razão quero
deixar claro que a palavra corrupção associada ao nome deles, para
mim, não faz sentido. Nunca. Quando começaram as primeiras
denúncias sobre isso, só pude entender que a variável eleitoral
apresentava seu preço. E que o preço era elevado. Campanha política custa caro.
Nietzsche
dizia que só a vontade de poder permite ao indivíduo tornar-se o que
realmente é. É assim que se afirma a vida e se pode atingir a auto-realização.
Estou certa que a busca do poder via caminho político explica muita coisa neste
caso. Meus amigos não são infalíveis. Estar livre de
qualquer erro é estar livre da condição humana. E todas as vezes em que
homens querem se tornar mais do que homens, eles se tornam menos do que homens.
Somos
feitos de carne e de sonho, de dor e de esperança, de acertos e de falhas. Só
espero que eles sigam firmes graças ao amor dos amigos e de todas as
pessoas da família. E graças, sobretudo, às suas virtudes humanas nas quais se inclui a decência, a honestidade e a dignidade. Eles não tiveram participação em esquemas de corrupção. Estou
certa também que eles não se apropriaram, em nenhum momento, para uso ou benefício
pessoal, de recursos destinados a cobrir despesas eleitorais. Receberam doação
eleitoral, mas não se apropriaram dela para aumentar o patrimônio.
Temos
em nossa cultura o hábito adquirido no passado de condenar antes
de julgar. Assim, toda a defesa é em vão, todo o esforço de convencer é
inútil. Lamento profundamente que meus amigos tenham de enfrentar uma situação
como esta. Eles deram à política e à vida pública, por vocação e por vontade
própria, os melhores anos de suas vidas. Lembro
até hoje do dia que conheci João, o filho deles, há mais de
15 anos. Gleisi tinha medo de dar banho no bebezinho. O bebê é
tão frágil e a gente sente tanta insegurança quando é jovem... Como eu, quando
chegou minha filha Júlia, Gleisinha era um pouco desajeitada. Solidarizei-me
e identifiquei-me com ela.
Hoje,
João e Gabriela são dois adolescentes grandes e lindos. Além de Dona Gegê,
a mãe que sempre esteve presente, Gleise venceu os medos
contando com Paulo, bom marido e pai experiente - do primeiro casamento
com Marta ele tem três filhas: Mariana e as gêmeas Clara e Natalia, hoje
adultas que, além de ótimas filhas, são ótimas cidadãs. Natalia, inclusive, já
lhe deu um neto.
Eu
os conheço há muitos anos e não tenho uma só razão para duvidar da correção dos
meus amigos. Dona Gegê, mãe de Gleisi, é cabeleireira e sempre viveu
com muitos sacrifícios. Paulo é outro lutador, sempre ajudando a família
toda, Dona Sidnéa, a mãe dele, os irmãos e as filhas. Sua maior qualidade é ser
exatamente a mesma pessoa de antes e quem o conhece sabe exatamente do que
estou falando.
Condenados
de forma implacável por adversários nas redes sociais, Paulo e
Gleisi não desonraram o País, seus aliados, seus amigos e suas
famílias, seja por palavras, conduta ou atitudes. E, certamente, não se
arrependem das escolhas que fizeram porque sempre fizeram o melhor uso
possível de suas existências. Pessoas como eles, que lutam na
política com clareza e frontalidade, usam momentos difíceis como teia de
fortalecimento pessoal e profissional. A eles, manifesto solidariedade, amor e
amizade.
Parabéns pelo texto, Vanda Célia : lúcido e verdadeiro. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa caminhada, e defendê-los com "unhas e dentes " .Obrigada, abraços
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