Semi-deus é pouco. Ricardo Noblat é uma das minhas grandes paixões. Costumo brincar que se ele fundasse uma religião, desfiliava-me da minha. Comove-me tudo o que diz respeito a Noblat, a pessoa que mais influenciou as duas décadas e meia de vida que dediquei ao jornalismo.
Raramente encontrei uma pessoa tão inteligente como ele. Noblat vê o mundo com uma originalidade e uma sutileza que muitas vezes me fazem sentir menor. Corajoso, sempre com a mente livre, confronta tudo e tem uma presença forte e carismática no espaço de todos. Se Noblat chega, chega uma personalidade. Atrás dele arrasta equipes a quem confere forte identidade, agressividade e competitividade.
Entregue a Ricardo Noblat um veículo qualquer de informação, ou mesmo um site ou um blog e um ano depois encontre ali uma referência noticiosa, no meio de uma enorme turbulência, afrontando o poder político do lugar. Qualquer lugar. Batendo de frente, criando caso, questionando o “respeito” institucional. É isso que Noblat sabe fazer: confrontar.
O jornalismo, segundo ele, não nasceu para noticiar serviços nem dar notas sociais da corte. Na origem da imprensa está a luta pelo poder. Noblat tem isso escrito na alma. No coração dele um jornal não se faz por quem o escreve, mas por quem o lê. Um jornal existe para consolar os aflitos, não para atender os satisfeitos.Um jornal não é uma colagem de fatos, mas chave para o entendimento.
Mais: jornal tem o poder que o leitor lhe endossa. E imparcialidade não é neutralidade. De jeito nenhum. Informação não é vidro fosco entre realidade e verdade. Por isso, a direção escreve todos os dias um editorial sobre o mundo em que vivemos. Muitas vezes para simplificar o que é complexo. Muitas vezes para dar referências para que o leitor forme a própria opinião.
Mais: jornal tem o poder que o leitor lhe endossa. E imparcialidade não é neutralidade. De jeito nenhum. Informação não é vidro fosco entre realidade e verdade. Por isso, a direção escreve todos os dias um editorial sobre o mundo em que vivemos. Muitas vezes para simplificar o que é complexo. Muitas vezes para dar referências para que o leitor forme a própria opinião.
Escreve também para enfrentar o poder, a situação, aqueles que realmente mandam. Não é intrepidez, é função. Não é por exibicionismo, mas por serviço. Como disse Noam Chomsky, a questão não é dizer a verdade ao poder - o poder provavelmente já conhece a verdade e está sobretudo interessado em suprimir, limitar ou distorcer a verdade.
Entra ano, sai ano e Noblat segue no batente com suas qualidades e seus defeitos humanos. Acerta, erra, se expõe. De forma notável. Trabalha até hoje como se fosse um aluno, anotando na sua caderneta o que ouve das fontes e escrevendo várias vezes por semana no blog que leva seu nome na revista Veja.
Noblat participou da profunda transformação dos noticiários nos últimos anos e criou equipes que lhe eram pessoalmente dedicadas, e a quem dava uma causa: o jornalismo. Ajudou a promover os melhores, mesmo que sem nome já firmado. Colecionou algumas amarguras no decorrer da vida. As coisas são como são e nada disso retira o enorme papel que conquistou e que conserva na imprensa brasileira, principalmente em Brasília.
Tive o privilégio de fazer parte de duas equipes de trabalho chefiadas por Noblat: no Jornal do Brasil e no Correio Braziliense. Tínhamos dúvidas sobre tudo naquele mundo que nos rodeava. Não tínhamos, porém, dúvidas uns sobre os outros. E faço até hoje a mais franca confissão sobre aquele tempo: fui feliz.
Vanda Célia, concordo com tudo que você disse. Noblat é simplesmente o máximo! E conversar com ele um privilégio! Posso assinar em baixo?
ResponderExcluirMaria Helena RR de Sousa
Oh Maria Helena, claro que sim...A partir de agora o texto é nosso. Um forte abraço,
ExcluirVanda