sábado, 9 de abril de 2016

O que devo a Luiz Fernando Carvalho?

Luiz Fernando de Carvalho é o mais bem sucedido poeta da imagem que a televisão brasileira produziu. Uma multidão de brasileiros e de brasileiras, na qual me incluo, suspira diariamente pelo próximo capítulo de “Velho Chico”, a novela que ele dirige atualmente. Sempre penso que temos sorte porque Luiz Fernando Carvalho, há alguns anos, volta à carreira de diretor de novelas e nos presenteia com seu trabalho generoso e primoroso. Ele poderia fazer inúmeras outras coisas. Talento não lhe falta. 
Nascido no Rio, em 1960, Luiz Fernando Carvalho de Almeida faz tudo bonito desde criança. Desenha desde a pré-escola. Aos 18 anos fez os primeiros trabalhos profissionais em cinema e passou a trabalhar na teledramaturgia da Globo na equipe de Walter Carvalho. Neste núcleo foi diretor assistente de diversas minisséries, como O Tempo e o Vento e Grande Sertão: Veredas. Em 1986, escreveu e dirigiu o curta metragem “A Espera”, baseado no livro Fragmentos de um Discurso Amoroso de Roland Barthes. O filme recebeu prêmios importantes no Brasil e no exterior.

Depois disso, dirigiu a minissérie Riacho Doce (1990) e as novelas Pedra sobre Pedra (1992), Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996).  Em 2014, repetiu a parceria com Benedito Ruy Barbosa em Meu Pedacinho de Chão. E agora, em 2016, volta a dirigir uma trama no horário das 21 horas, “Velho Chico”, novamente em parceria com Benedito Ruy Barbosa.

Devo muito a Luiz Fernando de Carvalho, um profissional que não conheço, mas que enche minha sala de imagens bonitas representando quem trabalha e quem produz. Gente que tem sentimentos bons e sentimentos ruins, como eu e como tantos outros. Que precisa rezar, para afastar os galhos maus da cobiça, da raiva, da inveja e da soberba. Deus nos livre de todo mal, Amém.

Uma novela com as qualidades de “Velho Chico” vale muito. Não temos transporte público, não temos segurança, não temos produção cultural fora dos bairros chiques do eixo Rio/São Paulo. Basta ser honesto para constatar isso. Com o medo e a insegurança dos dias que correm quem se atreve a sair na periferia dos grandes centros depois das 8h da noite?

Aliás, será que existem ônibus disponíveis nessas localidades fora dos horários das jornadas de trabalho? Posso assegurar que não. Fiz assessoria de imprensa na área cultural e uma das dificuldades para ampliar o público das produções teatrais era esta. Não havia ônibus e as pessoas não podiam voltar para casa depois dos espetáculos. Assim, não tinham como ir ao teatro nem quando ganhavam as entradas.

Sei que muitos brasileiros torcem o nariz para a TV aberta e fecham a cara para as novelas. Não sou deste time. Além de reconhecer que é uma opção gratuita de lazer absolutamente necessária, respeito o sucesso dos outros. Ninguém faz sucesso por acaso. Por trás de todo sucesso tem esforço, trabalho duro, suor e anos de dedicação e luta. Sucesso, na maioria das vezes, é sinônimo de sacrifícios impensáveis, que ninguém sequer imagina que foram feitos. Como diz o compadre lá da roça: “Todo o mundo vê as cachaças que a gente bebe, mas ninguém vê os tombos que a gente leva”...

 


 
 

 
 

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