Houve sempre na cultura brasileira a idéia de que política serve, e deve servir, para enriquecer? Acredito que sim. Roubar é atividade de direito e de tradição do mundo político, desde a República Velha, quando toda a gente roubava disciplinadamente com método e com ordem. Mais recentemente, Getulio Vargas, se não roubou ele próprio (uma virtude por que incessantemente o louvaram), deixou a vassalagem roubar a rodo.
No governo JK dizem que um senador nordestino roubava edifícios inteiros, hábito que persistiu até a atualidade, haja vista a cassação do senador Luiz Estevão que recebeu milhões do Orçamento para construir um edifício em São Paulo e entregou só o esqueleto da obra. O Brasil, infelizmente, carece de honestidade cívica. E tudo indica que o povão não se importa muito com isso. Pior, o povão gosta mesmo é de quem lhe garante alguma vantagem material em troca do voto.
Não é de graça (literalmente) que a cidadania elege e reelege criaturas denunciadas por corrupção e de que a polícia suspeita ou até que os tribunais puniram. Tudo indica que o brasileiro parte do princípio que o político deve mesmo levar vantagem ou ser mais esperto. Ou seja, a população não levá fé na honestidade do Estado ou na eficácia da lei. Na verdade, as pessoas parecem acreditar só no que recebem e no que lhe tiram. Dá pena dizer, mas tem gente que inveja os espertalhões da política e, entre um arroto e outro, não esconde de ninguém que gostaria de ter um lugar à mesa deles.
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