Morreu meu amigo querido Luiz Alberto Betencourt
A MORTE não se aproxima de trombeta, dizem na Dinamarca. Esta imprevisibilidade força-nos o confronto cru, olhos nos olhos, face a face com a nossa frágil e precária condição. Quem passa por uma situação de perda brusca de alguém próximo ou querido, nunca mais é o mesmo. A vida, o tempo, as coisas ganham perspectiva e profundidade. A morte passa a estar presente em todos os momentos - vigilante, companheira. Para uns, o tempo começa a voar, parece escapar-se velozmente entre as mãos. Para outros, a vida torna-se lenta, insuportavelmente previsível, vazia e vagarosa. Á medida que o tempo passa, ganhamos uma nova noção de normalidade. Que será, inevitavelmente, tão efémera como a anterior. A morte faz parte da vida, dizemo-nos como consolo. Acontece que saber da proximidade da morte é o mais duro e doloroso exercício que, neste mundo, seremos todos forçados a enfrentar. É a experiência mais devastadora por que podemos passar. A morte é a derrapagem final e talvez não tenha mais segredos a revelar-nos do que a vida, como escreveu Flaubert. Ainda assim, continua a soar-nos como injusta e intolerável. Por ser injusta e intolerável. Choca-nos e deixa-nos incrédulos e impotentes. Adeus querido Luizinho! Foi um privilégio contar com sua amizade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário