sábado, 13 de fevereiro de 2016

A beleza dos sapatos

Uma mulher com belos sapatos desvia a atenção da zona sexual para os elegantes adereços de couro, como se dissesse "para aí podes olhar, é só um engodo", dizem os psiquiatras. Qual o interesse? E qual o valor evolutivo deste gesto? Talvez o de sobreviver à predação contínua. Não seria mais fácil desviar-se da predação contínua de outras maneiras? Os caros sapatos implicam gastos, podem arruinar a coluna se os saltos forem altos demais e exigem espaços de armazenagem, mas dizem no comércio que é fácil vender sapatos a mulheres porque eles não dependem da variação do peso feminino. Nosso número é fixo. Podemos ficar mais belas com os sapatos imediatamente, sem esperar pelos efeitos de uma dieta, por exemplo. 
 
Ok, mas o  que deve estar por trás dessa história de interesse por sapatos, na verdade, é o mito da Cinderela. Quem não acredita que pode ficar mais bela com um vestido bem cortado e um par de sapatos caros? Contada e recontada com espetaculares versões hollywoodianas, a história de Cinderela faz do vestido e do sapato o passaporte que pode nos livrar a mocinha da pobreza e tirá-la, num passe de mágica de uma vida de privações e humilhações para um universo luminoso e com possibilidades infinitas. Cinderela consegue se converter no anjo que todas poderemos ser um dia. Essas coisas são tão bonitas que devem mesmo grudar no inconsciente da gente desde criança.
 
Não é por acaso que dizem o seguinte em Paris: "Mulher inteligente sabe muito bem o valor da alta costura, desde que era pequena e ouviu, pela primeira vez, a história de Cinderela". A propósito: Ganha um "croissant" quem acertar o nome da princesa da Disney da França que tem maior espaço e maior destaque no parque de diversão infantil. É isso: por trás das histórias e dos brinquedos que oferecem às crianças, está sempre o interesse da indústria, do comércio e dos serviços.

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