quinta-feira, 16 de abril de 2015

Brasil: erros e incapaciedade


Costumo lembrar todos os dias da natureza efêmera do poder – de todo o poder – que quando não se perde em vida, fatalmente se perderá pelo fim dela. Esta deveria ser, de resto, a principal lição adquirida pelos que trabalham no meio político, sobretudo por aqueles que, em certos momentos, exercem cargos de assessorias para encarregados de funções de soberania.
 
No mundo do poder, deveria predominar o espírito do filme Gladiador: em um dia o protagonista é general e tem poder para mandar milhares de soldados para a morte, no outro é escravo que desperta no meio de uma arena de circo, onde deve lutar desesperadamente para manter o fiapo de vida que lhe resta. É a gangorra do poder, a roda-viva.  
 
"Tudo que fazemos neste mundo ecoa pela eternidade" diz o general de Gladiador aos soldados. A mensagem, que tem força impressionante, mostra a responsabilidade histórica e eterna de quem exerce o poder. Ao mesmo tempo, expõe a natureza efêmera deste mesmo poder. O que pode ficar para a eternidade é o que você faz. Além de diversão, cinema de qualidade costuma ser lição de vida e de história.
 
Quase ninguém percebe a natureza efêmera do poder. O que prevalece no chamado pelotão da frente da política é a vaidade pessoal, a cobiça e o vício do jogo pelo jogo. Uma sociedade melhor  exige amadurecimento e compreensão da verdadeira natureza da ação política, ou seja, mais sentido público de quem se apresenta como protagonista para o exercício da vida pública. 
 
Todos que formam parte do poder deveriam controlar a vaidade e ter mais humildade para a necessária correção de rumos de forma rotineira. Vale a pena recordar Lenin: o pior governo não é aquele que comete erros mas aquele que, cometendo-os, não consegue corrigi-los. É nisto que o Brasil se revela meio que incorrigível: na sua capacidade de errar sucessivamente e sem remorso. 
 

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