No mundo do poder, deveria predominar o espírito do filme Gladiador: em um dia o protagonista é general e tem poder para mandar milhares de soldados para a morte, no outro é escravo que desperta no meio de uma arena de circo, onde deve lutar desesperadamente para manter o fiapo de vida que lhe resta. É a gangorra do poder, a roda-viva.
"Tudo que fazemos neste mundo ecoa pela eternidade" diz o general de Gladiador aos soldados. A mensagem, que tem força impressionante, mostra a responsabilidade histórica e eterna de quem exerce o poder. Ao mesmo tempo, expõe a natureza efêmera deste mesmo poder. O que pode ficar para a eternidade é o que você faz. Além de diversão, cinema de qualidade costuma ser lição de vida e de história.
Quase ninguém percebe a natureza efêmera do poder. O que prevalece no chamado pelotão da frente da política é a vaidade pessoal, a cobiça e o vício do jogo pelo jogo. Uma sociedade melhor exige amadurecimento e compreensão da verdadeira natureza da ação política, ou seja, mais sentido público de quem se apresenta como protagonista para o exercício da vida pública.
Todos que formam parte do poder deveriam controlar a vaidade e ter mais humildade para a necessária correção de rumos de forma rotineira. Vale a pena recordar Lenin: o pior governo não é aquele que comete erros mas aquele que, cometendo-os, não consegue corrigi-los. É nisto que o Brasil se revela meio que incorrigível: na sua capacidade de errar sucessivamente e sem remorso.
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