sexta-feira, 29 de março de 2013

Começar de novo todos os dias do ano...


Ser cristão implica várias crenças e uma delas é que existem santos. Conheci muitos. Os últimos morreram jovens: Rodolfo Fernandes, Daniel Pizza e José Varella. Não tenho dúvidas que foram aprovados com louvor no reino divino e estão à direita do Pai porque sempre tiveram a alma pura e o coração doce, os requisitos que julgo necessários para qualificar santos.

É possível que Cristo tenha sido um ser humano de alma pura e coração doce, como qualquer um deles. Acredito que, ao lado de muitas qualidades, Cristo tinha falhas: vai ver gostava de fazer piada com os amigos, costumava se atrasar ou faltava sem avisar. Estou certa que ele não era perfeito, uma vez que veio ao mundo à imagem e semelhança do homem. E, se Cristo se fez homem qualquer homem pode se fazer santo. Não é fácil, mas é perfeitamente possível.

Ser santo, no campo das minhas percepções, é ter a capacidade de fazer o outro ver e viver o milagre. De fazer o outro mudar a vida para melhor. Santos são aqueles homens e aquelas mulheres que amam, ajudam e mudam a vida do próximo. Não é por acaso que Cristo é o símbolo do amor ao próximo, traduzido numa proposta ética de convivência fraterna e honrada. A mensagem principal de Cristo é justamente o amor gratuito; o poder de criação e transformação do amor; o amor como única via para chegar ao outro, o amor na humilde oferta da outra face.

Aliás, nesse sentido, o papa Francisco tem sido extraordinário no papel de Pedro, encarregado de edificar (ou reedificar) a Igreja Católica. E cabe lembrar, a propósito da Semana Santa, a época maior do calendário Católico, que ser cristão significa apenas isto: identificação com a mensagem de Cristo. Um ateu ou um agnóstico serão cristãos se fizerem do amor ao outro, da ética do amor, uma filosofia de vida.

Não importa saber se existe Deus, quem é, onde está. Não interessa se não somos perfeitos, imaculados. Somos cristãos se amamos o próximo, aceitamos as diferenças, ajudamos na adversidade e acreditarmos que é possível ressuscitar após a morte. Ser cristão é recomeçar e a possibilidade de recomeçar é fazer parte de um mundo quase perfeito. Um mundo que nos dá, todos os dias, a chance de recomeçar, de ser uma pessoa melhor. É isso que se celebra na Páscoa. O recomeço.

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