Quando Eliot escreve «no meu princípio está o meu fim», há, claro, um jogo com outro verso do mesmo poema: «no meu fim está o meu princípio»; mas creio que existe nisso algo mais que uma alusão à circularidade do tempo. «Fim» é tanto «desfecho» como «desígnio»; neste segundo sentido, «no meu princípio está o meu fim» significa que o meu começo contém o meu desígnio. E mais: que é logo no meu começo que o meu desígnio se revela. É nesse sentido que «East Coker», grande poema metafísico, é também um grande poema de amor.
[East Coker, de T.S. Eliot]
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