domingo, 24 de maio de 2009

EQUADOR, UM GRANDE ROMANCE


Este mapa com a linha do Equador me lembrou um grande livro: o romance "Equador", de Miguel Sousa Tavares. A ação tem lugar no princípio do século XX , no fim da Monarquia. Interessado em convencer aos ingleses que a colonização de Portugal era "exemplar" (e que não havia trabalho "escravo" nas roças de café e de cacau de S. Tomé e Príncipe), D. Carlos mandou para lá, como Governador, o anti-herói Luis Bernardo Valença.


Este rapaz, que se julgava "reformador" e que era um playboy libertino de Lisboa, convenceu-se de que podia mudar a mentalidade do português merceeiro e espertalhão que comandava os negros com brutalidade e mandava nas roças. Valeça queria causar boa impressão ao Cônsul inglês, cuja missão era informar o governo de Sua Majestade e as empresas inglesas interessadas no cacau, se havia ou não trabalho escravo em São Tomé.


Valença e o Cônsul, que partilhavam algumas idéias e a mesma mulher, entendem-se muito bem, até ao momento fatal em que o segundo sabe que o governador é amante da sua fogosa e insaciável esposa. Apesar de uma visita do Príncipe Real à colônia, e do tímido apoio ao "reformismo" de Valença por causa dos ingleses, os portugueses "patrões" e velhos colonos, não querem ouvir falar de "direito do trabalho" e odeiam visceralmente o governador.


A relação com a mulher do Cônsul é usada contra ele e a ação precipita-se. Valença passa do boemio bonito, solteirão e semi-frívolo de Lisboa, que escrevia umas coisas interessantes sobre as Colônias, ao desesperado amante e frustrado governador de um pedaço obscuro de Portugal, perdido no meio do mar, na África.


Esta é a história do livro que a gente lê rapidamente. Os personagens são consistentes e o retrato da solidão do protagonista, como sempre acontece em romances de sucesso, é fundamental no texto.Se você ainda não leu, corra à livraria. Vale a pena.

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