sexta-feira, 29 de maio de 2009

DE PROFUNDIS: AMOR RIMA COM DOR


Escrito na prisão, onde Oscar Wilde cumpria pena por comportamento indecente e “contava o tempo pelas pulsações da dor” (pág. 33), De Profundis é um livro cruciante e perturbador por mostrar que a intolerância e a maldade humana podem impor grandes sacrifícios a quem não cometeu crime algum. O livro é uma extensa carta dirigida por Wilde ao seu amante Alfred Douglas, o amor de sua vida. "Por detrás da alegria e do riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer, a dor não usa máscara", escreveu. A vida desvairada e intensa de Wilde dá aqui lugar a uma imensa melancolia e uma indisfarçável revolta perante um mundo que não o compreendeu minimamente. Ao longo do livro, bem distante do tom otimista de “O retrato de Dorian Gray”, são recorrentes os lamentos e o desespero do homem. “O supremo vício é a vulgaridade” (pág. 13) disse, ao silêncio, o gênio incomparável e único. Sua carta jamais teve resposta.

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