"Blade
runner 2049" é um filme longo, cansativo, contraditório, machista e muito,
muito triste. Ao ditar a superioridade masculina até no mundo dos robôs, o
filme assume um machismo atroz.
As cenas de sexo em que a imagem da mulher-robô (holograma)
se funde com uma prostituta humana para agradar seu robô macho-alfa batem o recorde de
mau gosto visual desde as pétalas em American Beauty.
"Blade
runner 2049" reproduz os piores estereótipos femininos. A propósito: a falta de personagens
femininas fortes é um dos defeitos do roteiro, segundo a revista
"Forbes".
A
holandesa Sylvia Hoeks, do elenco de "House of cards", não tem o
destaque que merece porque o filme se resume a apresentar a história de Ryan
Gosling e Harrison Ford.
A "Forbes" também assinala o tempo de
duração: duas horas e 75 minutos, enquanto a maioria dos filmes tem uma hora e
15 minutos.
O
retrato da prostituta humana é tão contraditório que parece desmazelo. Em um momento ela aparece grampeando o herói e possibilitando sua localização pelos inimigos. No outro momento, a moça é uma revolucionária
salvadora.
Contradições
é que não faltam. Logo no início do filme, o milionário do mundo dos
negócios justifica a sofisticada fábrica de robôs como necessidade do
mercado, gerada pelo fim da escravidão.
Lá
pelo meio do filme, no entanto, surgem cenas dramáticas da
escravidão de crianças humanas. Sim, humanas, uma vez que robôs já nascem
adultos e suas memórias infantis são implantadas, não aconteceram de fato.
Resumindo: mesmo com as críticas positivas e com a volta de Harrison Ford ao maior clássico
de ficção dos anos 1980, o filme de Denis Villeneuve não atrai bilheterias e
tampouco desperta a atenção ou o interesse do público por ser cansativo, não ter alívio de
tensão, nem apelo aos jovens.
A música altíssima não ajuda e torna o filme ainda mais triste e
desolador com as imagens de imensos depósitos de lixo e todo o seu melodrama sobre a morte e a sobrevivência.
O único
alento: sair do cinema com a sensação de que "ser nascido",
característica que nos faz humanos, é motivo de júbilo e de felicidade. Sem contar que é bem melhor do que ser criado numa linha de montagem.
Minha conclusão:
o filme original continua insuperável.
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