quinta-feira, 2 de março de 2017

Por que ninguém respeita opiniões diferentes?


Por que a militância em um partido ou a dedicação a uma causa leva as pessoas — em muitos casos até as que são extremamente preparadas, cultas e legais — a ofender e a agredir quem discorda delas? Ser filiado, militante, ou simpatizante de um partido, ou a adesão a determinada causa significa assumir algum lado obscuro da personalidade humana?

Nietzsche dizia que só a vontade de poder permite ao indivíduo tornar-se o que realmente é. E, assim, ele pode atingir a auto realização. Logo, a busca do poder via o caminho político, por si só, não é erro. Cumpre reconhecer, a propósito, que há pessoas com vocação e competência para liderar equipes e tirar projetos do papel.
Jeremy Paxman, no livro "The Political Animal", afirma que a realidade sobre a política, no entanto, é cruel, uma vez que existe falta de respeito generalizada contra quem busca o poder via partidos políticos. Se a pessoa é militante da política, ela, invariavelmente recebe algum desprezo, afirma o autor.  
Acredito que para reagir a isso, para se convencer de que está certo, de que não merece desprezo, o engajado mergulha mais fundo nas próprias crenças e convicções, passando a desenvolver certo fanatismo. Na sequência, tende a tornar-se mais radical. O passo seguinte da escalada: ele passa a aborrecer todos à sua volta para convencê-los com suas razões e seus argumentos.

Na avaliação de Paxman, o mundo da política partidária acaba por criar células de pessoas à parte. São núcleos fechados, marmóreos. Funcionam como células em tudo até na simplificação dos conceitos para não admitir contestação. Não reconhecem qualquer validade das teses contrárias às suas linhas de pensamento. Não há nuances. Tampouco racionalidade.

Depois de analisar a vida de inúmeros cidadãos engajados e com posições radicais, o autor concluiu que nessas células não existe gente heroica, confiante, iluminada ou mesmo com sabedoria. Segundo ele, o grosso da militância abriga graves exemplos de criaturas anedóticas, histéricas, obsessivas e complexadas. E a maioria sem uma satisfatória vida pessoal.
Parcela significativa dos fanáticos falha na solução das neuroses pessoais e tenta se consolar dizendo que resolverá os problemas do mundo. A suposta preocupação com o mundo pode fazer dessas células verdadeiras “castas de salvadores” com os olhos vendados por suas ideologias. Claro que pessoas assim não mudam e, dificilmente, mudarão para melhor algo à sua volta.   








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