Todos temos coisas em nós que
reprimimos, muitas vezes porque as condenamos, outras vezes porque a sociedade
as condena.
Basta um acesso de raiva, uma frustração qualquer, para a agressividade transbordar. Na verdade, sabemos muito pouco sobre nós mesmos. Essa é uma condição da nossa espécie.
Basta um acesso de raiva, uma frustração qualquer, para a agressividade transbordar. Na verdade, sabemos muito pouco sobre nós mesmos. Essa é uma condição da nossa espécie.
Lembro que explodi uma vez, há alguns anos, com minha filha porque ela estava usando uma das minhas blusas. De forma exagerada e desnecessária, gritei para ela tirar. Momentos depois, quase morri de culpa ao perceber o quanto tinha sido mesquinha. Como explicar aquilo?
Eu realmente não sabia de onde
vinha toda aquela hostilidade. Fui refletir na terapia: a fúria poderia ter
vindo de algum lado obscuro e invejoso que, infelizmente, também era meu? Mesmo
relutando, tive de admitir.
Minha filha era jovem, bonita
e ficava melhor que eu naquela roupa. E, pior, eu iria morrer antes dela. Esse
era o ponto central da inveja. Assim, fui obrigada a reconhecer que havia em
mim uma sombra cruel, feia e humana. Em vez de sublime, meu interior era mau.
Quase fiquei demente de tanto
pensar nisso na ocasião, mas o terapeuta aliviou, assegurando que todos temos atitudes
agressivas de vez em quando. Mais: sombras ruins podem se manifestar até em pessoas
que, racionalmente, são as mais doces e mansas criaturas deste vale verde de
Deus.
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