Não contem comigo. Não estou
especialmente disponível para um discurso contra o Brasil. Não tenho ressentimentos
geográficos. Nunca desejei ser filha da Europa ou de qualquer outro Continente. Estou bem aqui. Sempre reconheço no
discurso de "só no Brasil" uma variante um pouco mais educada do "não está vendo com quem
está falando?" Coisa de quem deseja dizer que é melhor que os outros, que viajou, que conhece outros países, enfim, que não é como todo o mundo...Também viajei um pouco e quero declarar que não sou dada
a "patriotadas", mas considero as queixas sem sentido, essas verdadeiras jeremíadas do tipo "só
neste país", sempre acompanhadas de um olhar artificial de desprezo, uma
chatice. É saudável e desejável condenar a mania de grandeza, aquela história
patética do “maior do mundo”. Nada disso. E nada também de sair
por aí, para parecer descolado, ou “cool”, fazendo provocações gratuitas e dizendo
que “não existe cultura brasileira ou idioma português”. Quando escuto isso lembro-me do esforço
que tantos professores fazem para repassar o legado de Camões, Fernando Pessoa, Camilo Castelo Castello Branco, Machado de Assis, Guimarães Rosa,
Jorge Amado, Tom Jobim, Tarsila do Amaral e tantos outros. E acho,
sinceramente, que gente que diz essas coisas pode até ser e parecer engraçada, mas
não foi grande coisa na escola.
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