«É mais justo acentuar que a amizade, mesmo entre iguais, aceita a diferença, a dissenção e a liberdade do outro. Não sou menos amigo das pessoas de quem discordo. E algumas manifestações de amizade mais consistentes que conheço consistem em deixar alguém em paz, deixá-lo ser quem é, às vezes sozinho, em solidão temporária e benéfica. Não ter amigos, não ter amigos nunca, leva ao fechamento, à incivilidade, à insanidade. Mas há amizades que são também formas de solidão. Amizades sem empatia, isto é, sem a tentativa de entendermos aquilo que nunca experimentámos. Amizades sem confidencialidade, que são formas de perfídia. Amizades inclementes como julgamentos sumaríssimos. Ou um amigo que diz mal de nós em público, ou fica calado quando nos ofendem. Um amigo que é um inimigo.»
Pedro Mexia, Expresso/ Portugal, 3/8/2014
PS: Concordo tão completamente com Pedro Mexia que me ocorre aquele verso da música "Caçador Mim" de Milton Nascimento: "Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim que perguntar carece como não fui eu que fiz?". No caso, "certos textos que leio"...
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