O que será mesmo a felicidade? Para ser feliz qual será o peso dos hábitos do dia-a-dia, das coisas que nos vão dando alento, como ler um bom livro, ouvir uma boa música, tomar um sorvete, sentir o cheiro do cabelo da filha, ouvir as primeiras palavras da neta e considerar aquele o espetáculo mais grandioso da face da terra?
Felicidade seria apenas isso, a aceitação da vida que conseguimos ter? Hoje, tenho certeza que a resposta é sim, mas meu pensamento mudou muito ao longo da vida. Aos 18 anos tudo que eu queria era ser magra e ser livre. Aos 25, queria ser magra, queria ser livre, queria ter uma filha e lutava para firmar minha carreira no jornalismo.
Aos 30, trabalhava demais, continuava querendo ser magra e já tinha uma filha para criar. Aos 40, comecei a sonhar com uma conta bancária melhor e passei a ter medo de ficar velha e doente. É, aos 40 comecei a me aporrinhar com o medo da morte. Não conseguia nem imaginar minha vida depois dos 50 anos. Achava que seria velha, cansada e doente.
Só que os 50 chegaram e não me sinto velha, nem de meia idade; nem infeliz, muito menos cansada. Aliás, nunca estive tão saudável. Até o peso melhorou. E o resultado é que me sinto viva. E muito melhor do que antes. O mais importante é hoje sei o que me faz bem e sei, sobretudo, fugir do que me faz mal. Sim, a gente demora cinco décadas para descobrir a felicidade disponível, gratuita, à solta dentro de nós.
Felicidade pode existir na solidão e pode existir em um casamento pacífico, atravessado pelo companheirismo como a experiência que tenho vivido. Ninguém pode imaginar a felicidade que é saber que algumas coisas não mudam. Principalmente depois dos 50...
Pois é, não, não passei a ganhar mais dinheiro, nem fiz mais amigos, nem nada, mas sou mais feliz agora. Por que? A resposta me parece simples: limitei-me a aceitar que esta é a minha vida, e que é boa, que tive sorte. E acho, sinceramente, que a felicidade resulta dessa aceitação.
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