Durante as férias penso coisas estranhas. Ao lado das memórias da infância e da juventude, quando lia à luz de lamparinas, nessas férias me lembrei do calor que estalava nas ruas da minha cidade. Nunca mais, em parte alguma do mundo, senti calor tão escaldante.
Agora, nas férias atuais, me ocorreu também a nítida noção do tempo em que me tornei adulta. Não tenho mais dúvida a respeito: foi no final dos anos sessenta, mais especificamente quando os norte-americanos chegaram à lua, que tomei consciência do mundo.
Meu pai morreu, mais de vinte anos depois, sem jamais acreditar que o homem tenha algum dia pisado na lua. De minha parte, não duvidei um só momento. Ao contrário, busquei jornais e revistas que dessem mais e mais notícias sobre aquela viagem extraodinária que marcou várias gerações.
E, foi a partir daquele acontecimento, que passei a ter preocupações com as ameaças que pairam sobre a humanidade. Passei a ter, igualmente, uma urgência enorme para entender o sentido da nossa existência. Isso sem contar o desejo intenso de antecipar o futuro.
Ficava horas com a lamparina acesa lendo compulsivamente para tentar entender porque dominamos a matéria, manipulamos as leis físicas, acumulamos o poder e o dinheiro, aperfeiçoamos a racionalidade, e, todavia, o caminho que escolhemos sempre pode nos conduzir diretamente ao caos.
Estamos ou não estamos sós no universo foi outra questão que passou a me atormentar. Tanto que continuei a ler compulsivamente tudo que encontrava pela frente, dos jornais às bulas de remédio, principlamente depois que passei a desfrutar dos benefícios da luz elétrica.
Minha vida correu depressa, mas ainda hoje tenho a sensação de seguir buscando, qual aquela menina de boca aberta com a chegada do homem à lua, explicações e saídas para os labirintos da vida. Sem muito sucesso, é claro...
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