segunda-feira, 25 de julho de 2016

Como vota o senador Cristovam?


Como vota o senador Cristovam?

O senador Cristovam Buarque representa a diferença entre a navegação e o naufrágio para jovens, mulheres e todos que formam do lado frágil da embarcação. 

Votei no senador nas oportunidades que tive e repetirei o gesto nas chances que tiver. Com o país dividido vejo muita gente cobrando o voto de Cristovam em Dilma.
Ela perdeu o poder, a despeito dele e de todos que a apoiaram e apesar dos inúmeros apelos públicos dele e de tantos outros — Lula inclusive — para que mudasse o governo que fazia. Não ouviu ninguém.
Com ou sem o voto de Cristovam, o fato é que Inês é morta. Salvo um milagre, nada parece suficiente para livrar Dilma do impeachment no Senado. Também não se vislumbra ato capaz de salvá-la perante a história.
Toda derrota é uma derrota de classe. Dilma deixou ir para o ralo um governo dos trabalhadores. Não deverá ser perdoada  pela esquerda. 

Um eleitorado conservador superou receios e entregou, de forma inédita, o comando da República aos trabalhadores. Dilma não segurou o leme. Atrapalhou-se ao fazer política.

Por que Cristovam teria de votar na afastada que nunca lhe consultou para nada e que não tem um só projeto em comum com o futuro que ele sonha e a esquerda que ele representa? Com que direito o PT exige o voto de Cristovam?
No Senado, na caderneta de Dilma e do PT, na letra "C" só constava um senador: Collor. Se o PT admitia a existência de algum outro “C” era Ciro Nogueira do PP. Sério. A volta de Cristovam ao alfabeto do PT parece até pirraça, picuinha, coisas da lingua do P.
Cristovam não saiu do PT por acaso. Como outros fundadores deixou a sigla há algum tempo. De lá para cá a coisa só piorou até desandar de vez com o impeachment e as delações. Agora, parece que não há mais ponto de retorno.
O PT, no entanto, faz cobranças, argumentando que é  vítima de golpe. Ok. A maioria dos outros partidos, que está capengando, alega que cumpre regras do jogo constitucional, que valem para quem esteve no poder e para quem vier a ocupar o poder. 
A despeito das palavras, a verdade é que há muita pressão sobre o senador. Como dizem os portugueses, tudo isso é fato, tudo isso é fado. Faz parte da  força da democracia direta que estamos vivendo. 

Se dependesse de pessoas como Cristovam, a democracia seria ainda mais forte e mais profunda porque os mais pobres chegariam em terra firme sem cair na rede das trutas, piranhas e tubarões que nadam por aí.

Quem acompanha o senador de perto sabe disso que o senador que o senador rema contra a correnteza. Ele não é de consensos. E nem tem a pretensão de sê-lo. Por não ser provinciano, conservador e nem ordeiro.
Cristovam incomoda também por isso: ele mostra que o Brasil é antigo, que a desigualdade é um atraso e que o País esta marcando passo e que demora a dar-se por vencido.

No Senado, chega cedo , logo no início da tarde, e mostra o que país está dando volta. E sempre aponta para a naftalina que está em volta. Mostra os mais velhos que fingem ser novos, os que não querem deixar o Brasil novo surgir.

Sim, existe um Brasil antigo que diz pouco aos mais novos, mas que dá alguma segurança porque parece inofensivo como um avô que toma sol em um banco da praça.

Um avô conservador, tacanho e provinciano, mas seguro. Cristovam discorda e segue em frente lutando por uma sociedade mais justa para todos porque acredita que a liberdade só vale quando é uma oportunidade para todos. 

Ele tem preocupações sociais, é ficha-limpa, está atento com a dor dos vulneráveis. Aos 70 anos, Cristovam é um político singular por não deslumbrar-se com ele próprio e por ter a mente aberta. Na política e na vida, isso não é pouco.
Outro dia, tentei começar um artigo sobre o senador e as primeiras palavras que me ocorreram foram: Cristovam pensa além do vermelho do PT e do azul do PSDB.  Não é sempre que acontece, mas acho que acertei.

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