Sempre tive medo de desperdiçar a vida. Então fiz tudo furiosamente: estudei, casei, criei a filha, trabalhei, comprei a casa, economizei, busquei algum prestígio profissional, conheci o Brasil, viajei à Europa, aos Estados Unidos, aos países vizinhos, tive algumas doenças, fiz cirurgias, fui a médicos caros no Rio, Brasília e em São Paulo. Envelheci aos poucos, amaldiçoando os tempos dissolutos, escrevendo bem em algumas ocasiões, em outras mais ou menos e em algumas muito mal, mas sempre arruinando minhas sinapses com a maldita sensação de que estava desperdiçando a vida.
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