A dificuldade que todos nós temos para escolher corretamente as pessoas é enorme. O filósofo e economista austríaco, considerado o pai da gestão moderna, Peter Drucker, há mais de duas décadas, disse que, muito provavelmente, nenhuma atividade seja mais importante do que a de escolher as pessoas, justamente pela importância das suas consequências e pela dificuldade de desfazer as decisões incorretas. Nossos resultados neste campo costumam ser, na maioria das vezes, lamentáveis. Acertamos apenas em um terço das vezes. Em outro terço nossas opções são medíocres e no último terço ficam abaixo da crítica.
O problema atinge os campos profissionais, as decisões pessoais e as políticas. Na escolha dos líderes políticos temos as piores performances. Não é por acaso que mesmo países avançados acabem comandados por genocidas, terroristas, bandidos sanguinários, ladrões e todo tipo de facínora. O resultado disto é que a maioria das pessoas mais pobres e vulneráveis, que precisam de um esforço suplementar de solidariedade, segue passando necessidades essenciais. E o mundo continua assolado pelas injustiças, guerras etc.
Por que é tão difícil eleger os melhores? Pesquisadores deste assunto asseguram: temos um cérebro velho. Nossa cabeça é voltada para a sobrevivência em ambiente primitivo, ou seja, somos capazes de identificar rapidamente quem pode nos pôr em situações de perigo físico, mas, ao mesmo tempo, somos incapazes de identificar pessoas que merecem respeito. Além disso, nos dois casos podemos ser enganados pela aparência, uma vez que nossa análise é extremanete rápida. Pesquisas da neurofisiologia cerebral mostram que o nosso cérebro tem quatro zonas que nunca dormem, permanecendo sempre em estado de atenção.
Três destas quatro zonas estão associadas aos estímulos rápidos e inconscientes que nos fazem escolher as pessoas. Surpreendentemente, essas decisões são formadas na velocidade de um relâmpago: em um milésimo de segundo. Lamentavelmente, esses estímulos prematuros - que eram úteis na formação rápida da impressão do mundo primitivo, tornaram-se extremamente perigosos no mundo moderno. Avaliar um candidato (a namorado, a empregado, ou a deputado) requer análise para o qual devemos rejeitar juízos prematuros e verificar, de forma consciente, as características da pessoa, sua história, suas vantagens e vulnerabilidades.
Acontece que as armadilhas emocionais sabotam nossa capacidade para escolher pessoas e nossas idéias se confundem. O que mais nos prejudica é nossa tendência a superestimar a capacidade de uns e a subestimar a de outros. Além disso, temos mania de rotular as pessoas em um figurino pessoal que obedece critérios extremamente particulares. Resultado: fazemos avaliações incorretas e, depois, perdemos tempo buscando informações que confirmem nossas hipóteses. Pior é que, mesmo quando tomamos consciência do erro, passamos a só aceitar opiniões de pessoas que defendem nossas ações equivocadas.
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