Porquê tanto tempo já. Não sei porquê.
Não terminará nunca. Não perguntes.
Nunca terminará. Para quê perguntar.
Falo sempre contigo,
mas já não com amabilidade,
tenho demasiadas perguntas.
Também sobre o teu paradeiro.
E onde estiveste nos anos comuns.
Com quem falaste,
quem estrangulaste, a quem pediste,
a quem gritaste.
Eu estive à tua disposição.
muitas vezes tive medo, mas expulsava
os meus receios com o amor, nem sequer
me atemorizei nas tuas mãos,
só às vezes, e sempre demasiado tarde.
Ingeborg Bachmann (1926-1973), da colectânea póstuma Ich weiβ keine bessere Welt / Não sei de nenhum mundo melhor (2000).