sábado, 7 de abril de 2018

LULA PRESO


Lula é uma das duas ou três figuras que explicam a história recente do Brasil. Há outras pessoas importantes para se perceber o Brasil, como Getúlio, Juscelino, Fernando Henrique e Ulysses Guimarães. Mas Lula  é sem dúvida a mais reluzente delas. Muitas coisas que marcam nosso dia-a-dia têm a ver com o pensamento dele. Exemplo: a ideia de que país rico é país onde os pobres não passam fome.

Uma vez, quando ainda estava no jornalismo, chamei-lhe o idealista pragmático, ou o revolucionário pragmático. Ninguém pode negar sua atitude revolucionária. Dizem que Lula não é e nunca foi de esquerda. Balela. Sempre foi sindicalista e nunca abandonou a necessidade da violência, da luta armada, nunca defendeu que a transição no Brasil pudesse ser pacífica.  Submeteu-se para chegar ao poder, mas no peito carregava e carrega o ideal socialista.  

De todas as pessoas públicas que conheci no jornalismo, Lula é das mais vaidosas que é possível imaginar. É uma vaidade explícita. Além de dizer “eu sou o melhor”, ele parece acreditar na imagem que ele faz de si próprio na ficção. É um homem que se descreve a si próprio como a encarnação viva de um ideal que lhe apaga a personalidade, que lhe tira a pulsão pelos defeitos, que lhe apaga os pecados. Na verdade ele os nega.

Lula, mais do que ninguém, tem consciência de que sua prisão é o maior dano que poderia lhe acontecer. Não é por acaso que ele decidiu negar a realidade para ser uma memória presente e calorosa. Não dá para ignorar sua resiliência. 

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