domingo, 29 de abril de 2018

Os partidos - linha ideológica


Considero que o PSDB é um partido de direita, francamente mais à direita do que PSB, PDT, PSOL e Rede. Basta olhar as votações no Congresso sobre Finanças, Defesa ou Trabalho.  Basta pensar no PT, claramente de centro-esquerda, para enxergar a diferença.
Além disso, a quase totalidade de eleitores do tucanato é conservadora ou liberal ou de centro-direita. Pesa nesta avaliação a parcela significativa do eleitorado dos Estados de São Paulo, Minas e do Paraná, que se mantém fiel ao PSDB há décadas.   
A história interna do partido é complexa, uma vez que a sigla tradicionalmente contou com alguns setores sociais-democratas - caso de Mário Covas e Franco Montoro. Não se pode esquecer ainda de FHC e José Serra, nomes de centro-esquerda que fogem do termo «direita» como o diabo da cruz.
Se fosse possível, num exercício de imaginação, uma eventual fusão do PT com o PSDB isso traria benefícios ideológicos ao País, até porque a recente deriva esquerdista do PT não lhe permite mais aspirar a uma luta séria pelo eleitorado do centro.
E o aparecimento de um partido à direita (mesmo se residual), criará um bode expiatório de todas as piores tentações direitistas, a que o PSDB nem sempre foi imune, como bem sabemos.
Se queremos um sistema político moderno, só faz sentido haver três partidos: um partido conservador-liberal, um partido socialista, e um partido radical de esquerda –  liderado por Guilherme Boulos e que, certamente, incluirá o PSOL.
quem cogite outro partido radical, à direita, capitaneado por Bolsonaro, embora esse interesse pareça residual. De todo modo, é possível. Afinal, em 2004, quando Sergio Moro escreveu artigo comparando a Lava-Jato à Operação Mãos Limpas, ele lembrou que dela resultou a destruição do sistema partidário italiano.
Por essa linha de raciocínio, a prazo, todos os outros partidos parecem condenados e tendem a ser cada vez menos importantes, apesar do sistema partidário brasileiro viver um período fragmentado.

PS: Quero assinalar que esta é uma posição pessoal, e que a maioria das pessoas, mesmo sem se pronunciar, pode achar que erro no julgamento. Não nego essa possibilidade.  No Brasil, além de difícil de avaliar, a política, em questões ideológicas, quase não faz sentido.  

quarta-feira, 18 de abril de 2018

O Sujeito da Esquina completa 9 anos


Este blog completa hoje nove anos. Lembro quando escolhi o título "O Sujeito da Esquina".
Queria dizer que  não julgava minhas opiniões especiais ou importantes, mas uma perspectiva comum, como a de qualquer pessoa.
Na verdade, o objetivo era o de escrever  frases de circunstância, sobre fatos da minha rotina e da vida no Brasil.  Visto à distância julgo não me ter afastado do propósito inicial.
Agradeço a todos que passam os olhos no que venho deixando aqui, nem sempre com a assiduidade necessária. Nove anos passam depressa. Há muitas outras coisas que não.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Eu e a pesquisa


Não há cão nem gato que não tenha escrito qualquer coisa sobre a pesquisa Datafolha. Não faço outra coisa a não ser ler sobre isso desde domingo. Pelo que indicam os números ,o país, pelo visto, será entregue a qualquer um dos seguintes candidatos: Lula ou seu clone, Bolsonaro, Marina, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin ou quem sabe Joaquim Barbosa. Nada pessoal contra ninguém, mas são cenários que causam arrepios. Pela inexperiência de uns, o temperamento explosivo ou a vaidade oca de outros.  

sábado, 7 de abril de 2018

Lula no seu labirinto


Não, não é sinal do bom funcionamento da democracia que um ex-presidente tenha sido preso condenado por corrupção. Pensar que alguém pode chegar ao mais alto cargo da nação e utilizá-lo para benefício próprio, pressupõe que o escrutínio necessário a quem se candidatou ao cargo não foi feito e sobretudo que o poder soberano numa democracia, o povo que votou maioritariamente nele, foi enganado da pior forma.
O que pode ser pior do que isso? A tese do condenado de que temos uma justiça que encarcera um ex-presidente da República sem indícios ou provas fortes., com o objetivo de atender um conluio das elites. 
 
 

LULA PRESO


Lula é uma das duas ou três figuras que explicam a história recente do Brasil. Há outras pessoas importantes para se perceber o Brasil, como Getúlio, Juscelino, Fernando Henrique e Ulysses Guimarães. Mas Lula  é sem dúvida a mais reluzente delas. Muitas coisas que marcam nosso dia-a-dia têm a ver com o pensamento dele. Exemplo: a ideia de que país rico é país onde os pobres não passam fome.

Uma vez, quando ainda estava no jornalismo, chamei-lhe o idealista pragmático, ou o revolucionário pragmático. Ninguém pode negar sua atitude revolucionária. Dizem que Lula não é e nunca foi de esquerda. Balela. Sempre foi sindicalista e nunca abandonou a necessidade da violência, da luta armada, nunca defendeu que a transição no Brasil pudesse ser pacífica.  Submeteu-se para chegar ao poder, mas no peito carregava e carrega o ideal socialista.  

De todas as pessoas públicas que conheci no jornalismo, Lula é das mais vaidosas que é possível imaginar. É uma vaidade explícita. Além de dizer “eu sou o melhor”, ele parece acreditar na imagem que ele faz de si próprio na ficção. É um homem que se descreve a si próprio como a encarnação viva de um ideal que lhe apaga a personalidade, que lhe tira a pulsão pelos defeitos, que lhe apaga os pecados. Na verdade ele os nega.

Lula, mais do que ninguém, tem consciência de que sua prisão é o maior dano que poderia lhe acontecer. Não é por acaso que ele decidiu negar a realidade para ser uma memória presente e calorosa. Não dá para ignorar sua resiliência.