Minha filha Júlia é absurdamente sincera comigo e, de modo
geral, com todas as pessoas. A melhor palavra, aliás, é brutalmente sincera. Sei
que seu estilo direto, franco, honesto e sem rodeios, mostra que ela tem mais
virtudes que defeitos.
Ela não lida com a hipocrisia. Nem como exigência social. Só que
preciso confessar uma coisa: a sinceridade da minha filha magoa um bocado. Procuro
pensar que o problema é meu, vai ver tenho muitos defeitos, é isso.
Não consigo, porém, deixar de sofrer quando ela fala como se
estivesse me insultando. Além dela,
ninguém mais me trata de modo tão honesto. Não que as outras pessoas tenham
sido desonestas comigo. Não é isso.
As demais pessoas, incluindo meu marido, meus irmãos, meus
amigos e minhas amigas, são moderadas e extremamente gentis. Percebo
nelas, no entanto, alguma omissão, ou certos eufemismos.
Minha filha não, minha filha me insulta com a verdade. Sempre
tive admiração pela sinceridade dela, mas, confesso, bastante envergonhada
aliás, que eu preferia que ela fosse brutalmente sincera só com os outros.
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