Dilma caiu agarrada a todo tipo
de argumento, incluindo o fato de ser mulher. Fiquei pensando na
insensibilidade dela com o legado que recebeu das mulheres. Ninguém encontra o
mundo pronto, todos sabem disso, mesmo ingratos e mal agradecidos. Antes de
Dilma, o Brasil teve, no topo do Poder, a Princesa Isabel. Sempre achei
estranho e incompreensível o fato de Dilma não fazer referência a este fato
histórico.
Em 1889, uma das razões para a
deposição do impoluto D. Pedro II consistiu na falsa questão sucessória porque
as oligarquias não toleravam ter como Chefe de Estado uma mulher, mesmo sendo
ela A Redentora. Aquilo
era misoginia, perseguição e ruptura violenta. Dilma fica com dois motoristas,
um staff à disposição e
verba para seu sustento? Dilma não foi exilada? Seus direitos políticos estão
preservados? Isabel teve de fugir no meio da
madrugada. A família inteira embarcada às escondidas para que o povo não visse
e não se revoltasse. Os bens da família imperial foram apropriados pelo "novo
regime", os palácios do Estado vandalizados e despejados do conteúdo
histórico.
Até os móveis foram dispersos, os quadros e bibelots divididos ou roubados, enfim, o que sobrou foi a leilão, ou hasta pública. Hoje, felizmente, o mundo é outro. A misoginia resiste, mas Dilma não caiu por ser mulher. Ao contrário. Ela chegou lá, entre outras razões, por ser mulher. A sociedade não questionou sequer sua inexperiência porque havia um ambiente, no Brasil e no mundo, de extrema confiança no trabalho das mulheres. Ambiente criado por milhares de mulheres que cumpriram jornada excepcional na linha do tempo, abrindo espaço para postos de comando aqui e em todos os países do mundo.
As mulheres prepararam terreno para um futuro que inevitavelmente chegaria. E ele chegou. Dilma participou e beneficiou-se desta luta, mas nunca referiu-se às mulheres que a antecederam, principalmente Isabel. Ela se dizia a primeira mulher a assumir o poder, mas a verdade é outra. Isabel foi a primeira e era tão legítima quanto Dilma, Elizabeth da Inglaterra, ou qualquer outro chefe de Estado. Isabel constitui referência história essencial, uma vez que assinou uma das leis mais importantes que temos, a da Abolição da escravatura. Na soma das interinidades, ela ficou mais tempo no poder que Collor/Janio e Itamar.
Historiadores internacionais consideram sua presença na história do Brasil um marco de modernidade, uma vez que apenas nove países, até o século passado, tiveram mulheres no comando. E seu legado honra o Brasil e a todos nós, brasileiros e brasileiras. Uma preocupação final a propósito: só vamos melhorar a qualidade da nossa democracia por meio de uma maior participação de todos os cidadãos nas decisões políticas, e de uma abertura dos círculos do poder a novos públicos e a novos problemas.
Essa transformação não se dará com o mero aumento do número de mulheres na política. Ela exige reflexão sobre conteúdos do trabalho político. E exige, igualmente, conhecimento da história do país, dos personagens e das causas que devemos abraçar. Um país não é só a terra com qual a gente nasce e vive. Um país é isso mais a irradiação secular das pessoas que nele viveram e que podem nos inspirar.
Até os móveis foram dispersos, os quadros e bibelots divididos ou roubados, enfim, o que sobrou foi a leilão, ou hasta pública. Hoje, felizmente, o mundo é outro. A misoginia resiste, mas Dilma não caiu por ser mulher. Ao contrário. Ela chegou lá, entre outras razões, por ser mulher. A sociedade não questionou sequer sua inexperiência porque havia um ambiente, no Brasil e no mundo, de extrema confiança no trabalho das mulheres. Ambiente criado por milhares de mulheres que cumpriram jornada excepcional na linha do tempo, abrindo espaço para postos de comando aqui e em todos os países do mundo.
As mulheres prepararam terreno para um futuro que inevitavelmente chegaria. E ele chegou. Dilma participou e beneficiou-se desta luta, mas nunca referiu-se às mulheres que a antecederam, principalmente Isabel. Ela se dizia a primeira mulher a assumir o poder, mas a verdade é outra. Isabel foi a primeira e era tão legítima quanto Dilma, Elizabeth da Inglaterra, ou qualquer outro chefe de Estado. Isabel constitui referência história essencial, uma vez que assinou uma das leis mais importantes que temos, a da Abolição da escravatura. Na soma das interinidades, ela ficou mais tempo no poder que Collor/Janio e Itamar.
Historiadores internacionais consideram sua presença na história do Brasil um marco de modernidade, uma vez que apenas nove países, até o século passado, tiveram mulheres no comando. E seu legado honra o Brasil e a todos nós, brasileiros e brasileiras. Uma preocupação final a propósito: só vamos melhorar a qualidade da nossa democracia por meio de uma maior participação de todos os cidadãos nas decisões políticas, e de uma abertura dos círculos do poder a novos públicos e a novos problemas.
Essa transformação não se dará com o mero aumento do número de mulheres na política. Ela exige reflexão sobre conteúdos do trabalho político. E exige, igualmente, conhecimento da história do país, dos personagens e das causas que devemos abraçar. Um país não é só a terra com qual a gente nasce e vive. Um país é isso mais a irradiação secular das pessoas que nele viveram e que podem nos inspirar.
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