Estou com isso entalado na garganta: estes anos não
foram quaisquer. Foram anos de ruína na economia, de desgraça na política, de
devastação na sociedade. Conto hoje o que me foi sempre mais difícil: assistir à
inconsequência dos encarregados de fiscalizar e prevenir os crimes de corrupção
e ver todos tentando transferir responsabilidades ao homem comum que nada tem
com isso, que trabalha em péssimas condições e paga elevados impostos sem
receber a contrapartida mínima de serviços básicos. Quem tem assessores e
verbas destinadas para fiscalizar e prevenir roubos e desvios de verbas do
contribuinte são os órgãos federais, municipais e estaduais criados
especificamente para este fim. O que vê é que, em vez disso, estes órgãos tornaram-se
estruturas a serviço da corrupção. Lastimavelmente. O que fazer? Continuar a
transmitir esperança, mesmo depois de ver isso acontecendo. Por uma razão que me parece
certa: O Brasil é capaz, sempre foi capaz ao longo da história. Apesar da destruição
dos sonhos dos mais novos, das falhas, da falta de austeridade, de probidade, às vezes de seriedade, da insensatez,
da arrogância e das medidas tortas acho que o que nos cabe é não perder a esperança.
Para não espalhar mais miséria. Mais falta de sonho. Para não perder. Perdemos muito mais quando deixamos de amar e
de acreditar. O amor é a luz que não deixa escurecer a vida. Ganhamos quando vivemos,
quando sonhamos, quando acreditamos, quando não perdemos a esperança.
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