Peço desculpas, mas ver feridos de guerra, mesmo em fotos e filmes, é uma experiência dilacerante. Não gosto de vivê-la. A estetização da «guerra» para efeitos de glorificação não me agrada.
Gostei de ver que a você também não. Entendi isso ao ver que você excluiu da sua lista “A vida é bela”. É um filme tosco que brinca com coisa séria e faz em algumas cenas a glorificação da guerra. Não se pode gostar daquilo, em sã consciência.
Sei que a guerra é estetizada desde sempre e continuará a sê-lo nas televisões, nos filmes, nas fotografias, nos jornais, nos poemas, na arte toda.
Afinal, trata-se de retrato da realidade, mas procuro fugir, quando posso. Aliás, o mesmo ocorre com a estetização da paz.
Procuro acreditar que todo o mundo condena a glorificação da guerra, seja pela arte, seja pela propaganda.
O que é mau não é estetizar a guerra para condená-la. O que me parece equivocado é ver gente utilizando a arte do cinema para a promover.
Picasso foi cortante em Guernica. Usou sua genialidade para condenar a guerra civil espanhola de forma definitiva. Fez isso em um azul sombrio e único. Triste, dolorosa e inesquecível Guernica!
Voltando aos filmes, o tema de hoje. Sabe aquela cena inicial do dia "D" no filme do Soldado? Terrível. Vi e achei extremamente bem feita, mas sofri o Diabo. O filme sobre a lista me fez chorar de soluçar. É um dos mais emocionantes que vi na vida.
A propósito, andei pensando sobre o filme de guerra que seria meu número um: Apocalypse Now de Fracis Ford Coppola com Marlon Brando e a música sensacional de Pink Floyd. Uma letra rebelde que minha geração berrava nos corredores das escolas do mundo inteiro. Ecoa ainda hoje.
O filme também ecoa e, certamente, vai ecoar pela eternidade porque fala sobre o mal que a guerra faz ao coração dos que sobrevivem. Sem opção ao horror, quem sobrevive torna-se parte do horror.
Vanda C