segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Escreva uma carta meu amor...


Viciada em correspondência desde jovem, eu, particularmente, não consigo entender como sinal de civilização o fim das cartas manuscritas. A última carta que recebi foi em setembro passado. Uma prima distante queria notícias. Peguei caneta e papel e fiz questão de escrever palavras de cortesia e amizade. A carta saiu decente, com prosa legível.  Só minha letra é que saiu esquisita em razão do desuso.

Nos Estados Unidos esse tipo de escrita foi extinto. Na Europa não é diferente. Uma fração de seis em cada dez espanhóis não lembra a última vez que recebeu uma carta ou um cartão postal. Com os novos recursos de e-mail e a modernização dos serviços de telefonia ninguém mais quer saber dos Correios batendo em sua porta. 

Nesse nosso tempo de pressa e instantaneidade, quem tem nteresse em escrever ou ler textos em letra cursiva, não passa de "dinossauro", analfabeto digital ou coisa pior. 

Não me importo. A verdade é que tenho me lembrado com nostalgia e saudade do prazer que é receber e responder uma carta. Sei que com a idade e a indiferença geral que nos rodeia, talvez eu esteja a ficar piegas...Talvez, mas não posso negar que tenho muita saudade da excitação de abrir o envelope, desdobrar a folha e ler frases carinhosas.

Acontece que não há mais cartas a ler ou escrever e nada me faz esquecer da percepção desse fim.

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